RIO – Quando começou a chover forte e entrar água dentro de casa, na madrugada deste domingo, a primeira reação do menino Bernardo Régis, de 10 anos, foi salvar sapatilhas e material de dança, que estavam numa bolsa. O pequeno bailarino está com viagem marcada no próximo dia 26 com destino a St. Petersburg, na Flórida (EUA), onde participa de uma competição que pode abrir as portas do balé profissional para ele, daí a preocupação.
Já principal iniciativa da avó do garoto Francisca Batista de Santana, de 67, foi tentar salvar um par de tênis sapatilha especialmente feito para moldar os pés, que custou R$ 250, pagos em três prestações, e foi presente do Dia das Crianças para o neto. Ela teve menos sorte. A família mora na Taquara, em Jacarepaguá, uma das regiões mais atingidas pela chuva.
Espero que Deus toque alguém e essa pessoa doe as sapatilhas, porque para nós vai ser difícil (comprar) – apelou.
A mãe do garoto, a manicure Carla Cristina Batista Mendes, de 29, perdeu todo material que usava para fazer canetinhas decoradas para vender e ajudar na viagem do filho. Passagens, hospedagem e alimentação foram garantidos com os R$ 16 mil arrecadados numa vaquinha virtual. Mas ainda falta o figurino.
Carla contou que quando começou a chover, o Rio Grande, que passa nos fundos da casa transbordou e a água levou tudo. Ela tenta manter de pé o sonho só filho, que no ano passado participou de um curso de férias numa renomada academia de dança em Miami e custeou a viagem do mesmo jeito.
Não posso deixar o rio entrar na minha casa e levar o sonho do meu filho – lamentou.
Do pequeno salão de manicure que fica na frente da casa e servia de sustento da família pouca coisa sobrou. Móveis e eletrodomésticos, cujas prestações ainda estão sendo pagas foram inutilizadas pela chuva. Por mês, ela paga R$ 538 pela cama, guarda-roupa e geladeira. Desta última vez, ela só pagou seis das 24 parcelas. Dos outros móveis, faltam seis prestações de cada. Fotos da família e o certificado de participação só filho no curso de Miami foram inutilizados.
Família assistia TV quando água invadiu casa
Carla contou que assistia um filme na TV com o marido, Leandro Régis, de 36 anos, quando por volta das 3h, a água começou a entrar na casa, atingindo mais de um metro de altura. Na manhã desta segunda-feira, dia 2, vizinhos que moram na mesma rua, a Tenente Sidnei Gonçalves, contabilizavam os prejuízos. Na casa do aposentado José Djalmir, de 70, ele só conseguiu salvar o fogão, o colocando em cima de um banco alto. Os cômodos estão praticamente vazios. Quase tudo foi parar no lixo, depois da limpeza.
Carla Mendes e o marido, Leandro Régis, mostram os estragos na casa deles, na Taquara Foto: Fabio Motta / O Globo. Mais Noticias Em… https://extra.globo.com/noticias/rio/bailarino-de-10-anos-salva-material-de-danca-enquanto-agua-invade-sua-casa-na-taquara-rv1-1-24281074.html