Número de desempregados cresce em 3 milhões em três meses, com flexibilização de isolamento


A flexibilização do distanciamento social aparece lentamente nos dados do mercado de trabalho. Dados da Pnad Covid, divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE, mostram que, entre a primeira semana de maio e a última semana de julho, mais de três milhões de brasileiros ficaram “oficialmente” desempregados, ou seja, procuraram emprego e não encontraram. Com isso, a taxa de desemprego subiu de 10,5% para 13,7% no período.

O número de desempregados não vinha subindo, como era esperado diante do tamanho da crise do coronavírus, pela impossibilidade de procurar trabalho. Na metodologia do IBGE, é considerado desempregado apenas quem efetivamente procura emprego e não acha. Quem desiste ou suspende a busca no período coberto pela pesquisa não entra na estatística.

A alta na desocupação acontece de maneira lenta no mercado de trabalho. Se comparada à semana anterior da pesquisa, a taxa de desocupação, o número de desempregados e a população ocupada se mantiveram estáveis, indicando que as pessoas estão espaçando mais a busca por emprego. O período de referência da pesquisa é de sete dias.

Economistas ponderam que a alta do desemprego deve ser uma tendência nos próximos meses, com o fim das medidas de sustentação de renda do governo, como auxílio emergencial e seguro-desemprego. Com a única fonte de renda de muitas famílias ficando escassa, a tendência é que mais pessoas saiam de casa na busca por uma vaga.

A flexibilização do distanciamento social e o maior controle sobre as curvas de contágio também devem levar mais pessoas a procurar emprego, mas muitas não encontrarão devido ao baixo dinamismo da economia. Com isso, o mercado de trabalho fica mais pressionado.

Segundo o IBGE, ainda há 18,5 milhões de pessoas fora da força de trabalho que gostariam de estar no mercado, mas não procuraram emprego por causa da pandemia ou por falta de trabalho onde vivem. O número está estável pela quarta semana consecutiva e na comparação com o início de maio.

Análise feita pelo GLOBO com base nos microdados de junho da mesma pesquisa permitem extrair um perfil desse “novo desalentado”: majoritariamente jovem, ou seja, pessoas que estão entrando no mercado de trabalho. Naquele mês, uma em cada três pessoas nessa situação tinha entre 14 e 24 anos.

Para os próximos meses, a expectativa e que haja uma recomposição da ocupação por meio dos informais. Dados da Pnad Contínua, divulgados na última semana pelo IBGE, mostraram que 8,9 milhões de pessoas deixaram de trabalhar entre abril e junho, sendo 68% informais.

Apesar de também avaliar o mercado de trabalho, a Pnad Covid não é comparável com os dados da Pnad Contínua, considerado o indicador oficial de desemprego no país. A metodologia das duas pesquisas são distintas. Mais Notícias em… https://extra.globo.com/noticias/economia/numero-de-desempregados-cresce-em-3-milhoes-em-tres-meses-com-flexibilizacao-de-isolamento-24586479.html

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