Cerca de 30% dos casos de câncer de próstata são diagnosticados na fase avançada da doença, o que dificulta o tratamento e reduz as chances de cura. Parte dessa realidade é alimentada pela negligência e preconceito em visitar um urologista, para a realização do exame de toque retal, que quando combinada com o PSA (Antígeno Prostático Específico), aumenta a eficácia do rastreio de tumores nessa região, levando ao diagnóstico precoce e salvando vidas. Por outro lado, a escassez de especialistas no País também contribui para a demora no acesso às consultas de rotina, explica o urologista da Urocentro Manaus, cirurgião Giuseppe Figliuolo.
No Brasil, a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), subordinado ao Ministério da Saúde (MS), aponta que 65,8 mil novos diagnósticos devem ser registrados até o final deste ano. No Amazonas, serão 480, uma proporção de 22,23 casos para cada 100 mil habitantes. Na tabela geral, o câncer de próstata, que antes ficava em segundo, perdendo para o câncer de pele não melanoma, agora é o de maior incidência entre os homens amazonenses.
No mês de novembro é realizada a nível mundial a campanha educativa ‘Novembro Azul’, encabeçada no Brasil pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com o tema: “Seja Herói da Sua Saúde. Oriente-se sobre o câncer de próstata. Procure um urologista”.
Além de chamar a atenção para os cuidados com a saúde do homem, a iniciativa reforça a importância do rastreio do câncer de próstata. Giuseppe Figliuolo destaca que, quando descoberta e tratada cedo, de forma adequada, a doença pode ser curada em até 95% das vezes – salvo algumas exceções.
“De desenvolvimento lento, o câncer de próstata não apresenta sinais na fase inicial. Mas, quando começa a se alastrar pela região pélvica, provoca dores, inchaço e redução do jato urinário ou interrupção da urina. O sangue na urina ou no sêmen, disfunção erétil, dores no quadril, coxas e costas também pedem uma investigação mais aprofundada”, explicou o especialista, que é membro da SBU e doutor em saúde coletiva.
Diagnóstico e tratamento
O rastreio do câncer de próstata é feito através de avaliação clínica, exame de toque retal e exame de PSA. “O toque retal dura apenas alguns segundos e não tira a masculinidade de ninguém. É através dele que conseguimos notar alterações de tamanho na próstata. Já o PSA é dosado no sangue e analisa a produção de uma enzima exclusiva da próstata. É importante frisar que um exame não substitui o outro. Eles devem ser associados, para que não haja falhas”, explicou.
Constatadas alterações, é hora da fase de uma avaliação mais aprofundada, que detecta ou descarta a presença de células malignas. Nesses casos, a biópsia (retirada de um fragmento da próstata para análise patológica) é a primeira indicação, seguida de exames de imagem, que podem ajudar na definição do estadiamento (dimensão da doença no organismo). É nessa fase que o tipo de tratamento é definido.
Ele pode ser cirúrgico, quimioterápico ou radioterápico. Há casos em que essas modalidades terapêuticas são associadas, surtindo melhores resultados ao paciente.
Disfunção erétil
Segundo tipo de câncer que mais mata homens no Brasil, esse tipo de neoplasia ainda guarda alguns mitos quando se trata da população masculina, como a associação do tratamento à disfunção erétil permanente. “Mas é importante lembrar que na fase inicial, a cirurgia pode preservar a função erétil do paciente, o que não é possível na maioria dos casos avançados”, destacou Figliuolo.
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