O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira que “a política não pode entrar dentro do quartel”. Mourão, que é general da reserva, disse que a politização dos militares atrapalha a hierarquia e a disciplina dentro das Forças Armadas.
Quantas vezes você já me ouviu falar isso? Acho que várias vezes, né? Política não pode entrar dentro do quartel. Se entra política pela porta da frente, a disciplina e a hierarquia saem pelos fundos — disse Mourão, ao deixar o Palácio do Planalto no início da tarde.
Mourão disse concordar com a posição do comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, de que os militares não querem “fazer parte” da política nem querem que a política “entre” nos quartéis.
Não queremos fazer parte da política governamental ou política do Congresso Nacional e muito menos queremos que a política entre no nosso quartel, dentro dos nossos quartéis. O fato de, eventualmente, militares serem chamados a assumir cargos no governo, é decisão exclusiva da administração do Executivo — disse Pujol na quinta-feira, durante uma transmissão ao vivo por rede social.
De acordo com o vice-presidente, “o comandante do Exército coloca claramente o que é a nossa posição”.
Além de Mourão e do presidente Jair Bolsonaro, que é capitão reformado, o governo federal tem seis ministros que são militares da reserva e um ministro que é general da ativa (Eduardo Pazuello, da Saúde), entre outros cargos. Nesta sexta-feira, o vice-presidente disse que para quem está na reserva é “outra situação”:
Nós que somos da reserva é uma outra situação. Os militares da ativa, realmente, não podem estar participando disso. Nossa legislação foi mudada no período de 64 exatamente porque o camarada era eleito, participava do processo eleitoral, e depois voltava para dentro do quartel. Então não era salutar.
General perdeu cargo por crítica
Em 2015, quanto ainda estava na ativa e era chefe do Comando Militar do Sul, Mourão perdeu o cargo após fazer críticas a então presidente Dilma Rousseff. Em uma palestra, o militar afirmou que a saída de Dilma da Presidência não mudaria o “status quo”, mas que a “vantagem da mudança seria o descarte da incompetência, da má gestão e da corrupção”.
O general foi transferido para a Secretaria de Economia e Finanças da pasta, um cargo burocrático em Brasília, e foi substituído no posto justamente por Pujol, que hoje é comandante do Exército.
Em 2017, ainda na mesma função, Mourão falou na possibilidade de uma intervenção militar, na mesma semana em que o então presidente Michel Temer foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por organização criminosa e obstrução de Justiça. Também em uma palestra, o militar afirmou que “ou as instituições solucionam o problema político”, retirando da vida pública políticos envolvidos em corrupção, ou então o Exército teria que impor isso.
Mourão passou para a reserva em 2018, meses antes de ser escolhido para fazer parte da chapa de Bolsonaro à Presidência.
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