O Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF) informou nesta terça-feira que a eficácia da vacina Sputnik V, desenvolvida pela Rússia, varia de 94%, na primeira injeção, a 95%, com a segunda dose. As informações referem-se à terceira fase de testes.
Podemos dizer que a eficácia de nossa vacina é muito alta — disse Kirill Dmitriev, chefe do RDIF, em uma transmissão ao vivo organizada para divulgar os resultados.
No Brasil, a companhia que fechou acordo para receber a tecnologia do fundo soberano e produzir o imunizante é a União Química, de São Paulo. Os governos do Paraná e da Bahia já selaram acordos com os russos para ensaios e aquisição de doses. Até o momento, no entanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não recebeu um pedido formal do Instituto Gamaleya para teste ou registro da Sputnik V no Brasil.
O chamado ensaio de Fase 3 do imunizante desenvolvido pelo Instituto Gamaleya ocorre em 29 clínicas em Moscou e envolve 40 mil voluntários no total, com um quarto recebendo uma injeção de placebo. Os dados ainda serão divulgados em revista científica “internacionalmente reconhecida”.
Dmitriev afirmou que o objetivo do governo russo é produzir uma vacina “acessível”. Por isso, disse ele, o custo de uma dose será inferior a US$ 10. Como são necessárias duas doses, o valor total da vacinação seria menor do que US$ 20.
A Rússia também informou que o transporte da vacina poderia ser feito a temperaturas de 2ºC a 8ºC. A vacina produzida pela Pfizer e BioNTech, por exemplo, requer temperaturas de -70ºC, o que constitui um desafio logístico.
Vai ser mais fácil para transportar. Temos muitos parceiros da Ásia e da América Latina. Claro que para eles é muito importante ter essa forma de transporte — afirmou Dmitriev.
Cenário incerto no Brasil
O chefe do RDIF acrescentou que a Rússia está pronta para produzir até 500 milhões de doses e começar a imunizar pessoas de diversos países do mundo em 2021.
Em outubro, o fundo soberano russo chegou a anunciar que a produção em massa do imunizante no Brasil começaria em dezembro. A poucos dias do último mês começar, no entanto, não há sinal de um pedido de registro à Anvisa. Ontem, a farmacêutica britânica AstraZeneca formalizou o pedido de uso emergencial de sua vacina candidata contra a Covid-19 no país.
Além da fórmula da AstraZeneca, Anvisa já autorizou em território nacional os ensaios clínicos de outros três imunizantes candidatos contra o novo coronavírus: Johnson & Johnson (EUA/Bélgica), Sinovac Biotech (China) e Pfizer/BioNTech (EUA/Alemanha).
A Sputnik V foi recebida de forma cética por boa parte da comunidade científica internacional, pelo cronograma acelerado de seus ensaios clínicos e pelo registro oficial, considerado prematuro – a homologação se deu antes do início da terceira e última etapa de testes.
O Instituto Nikolai Gamaleia e o governo da Rússia, por sua vez, garantem a eficácia do imunizante. Ambos afirmar que foi possível acelerar seu desenvolvimento ao aproveitar uma plataforma baseada em dois adenovírus humanos, o Ad5 e o Ad26, já utilizados em uma fórmula ainda em testes contra a Síndrome Respiratória Aguda do Oriente Médio (Mers), causada por outra cepa de coronavírus.
O laboratório russo é o único a combinar esses dois vetores, usados para carregar a informação genética do novo coronavírus e estimular uma resposta imune no organismo humano. A fórmula de Oxford/AstraZeneca usa um adenovírus de chimpanzé. A Johnson & Johnson e a chinesa CanSino usam apenas um adenovírus humano.
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