No primeiro dia de janeiro de 1980, depois de 20 anos de exílio político, o professor Gilberto Mestrinho, que já havia sido prefeito de Manaus e governador do Amazonas, voltou ao Estado para iniciar uma nova campanha, disputando as eleições diretas depois do período de simples indicação do cargo pelo regime militar, e sua primeira declaração foi uma profecia que deu certo: “Voltei para ser governador e vamos manter o poder durante 20 anos”.
Dito e feito.
Só que não foram 20 anos apenas, mas 40, ciclo que se encerrou definitivamente no dia 29 de novembro de 2020, com a segundo derrota consecutiva do ex-tudo Amazonino Mendes, derrotado primeiro pelo jovem Wilson Lima ao Governo e agora para David Almeida à Prefeitura.
Gilberto Mestrinho criou Amazonino Mendes, indicando-o para a Prefeitura e depois apoiando para ser seu sucessor ao Governo e este criou a geração do poder, desde Omar Aziz, Eduardo Braga, Alfredo Nascimento se revezando no poder até o dia fatídico do isolamento político, decretado pela segunda derrota nas urnas, devidamente apoiado pelas suas crias Eduardo Braga, Omar Aziz e Alfredo Nascimento.
Se ainda restasse folego ao velho cacique Amazonino Mendes, que nem por acaso, depois da derrota confessou que vai vestir mesmo o pijama, sair das redes sociais e entrar na rede de fibra armada na varanda da mansão do Tarumã e não querer de eleição nem para votar, o novo prefeito David Almeida afirmou, em alto e bom som, na sua primeira entrevista depois de eleito prefeito de Manaus, apontando para o vice Marcos Rotta, que sua função, pelo trabalho, dedicação e eficiência à causa pública, será “eliminar de vez os caciques que tomaram conta do Estado durante 40 anos.”
David Almeida estava falando sério: seu primeiro ato foi escolher sua filha para dirigir o Avante Jovem, partido que o elegeu e que pretende transformar no maior partido do Estado, com captação de filiados jovens, quadros de formadores de opinião, inteligência em movimento e estrutura humana ideológica dentro dos seus parâmetros de ética, família, comunidade e integração social.
Dos 20 anos anunciados por Gilberto Mestrinho, transformados em 40, os nomes estão em decomposição política, começando cm Amazonino que jogou a toalha, Omar Aziz que vem tendo pífia atuação eleitoral e não sabe o futuro restando apenas 2 anos de Senado, Alfredo Nascimento que foi goleado na última eleição e Eduardo Braga que coleciona insucessos seguidos, incluindo o apoio a Amazonino na última eleição e, com 6 anos de Senado precisa se reinventar se quiser continuar na política ou vender veículos e motos na rede de sua família.