O Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF), que financiou o desenvolvimento da vacina contra a Covid-19 Sputnik V pelo Instituto Gamaleya, na Rússia, anunciou nesta quinta-feira que os ensaios clínicos combinando o imunizante com a fórmula da anglo-sueca AstraZeneca começarão na próxima semana no Azerbaijão e em alguns países do Oriente Médio. A testagem envolvendo as duas vacinas, ambas baseadas na tecnologia de vetor viral a partir de adenovírus, foi anunciada pelos laboratórios em dezembro.
O objetivo é investigar se a combinação pode aumentar a eficácia da vacina Covishield, desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford (Reino Unido). A Sputnik usa dois adenovírus — patógenos responsáveis por resfriados leves e devidamente neutralizados — encontrados em humanos, o Ad5 e o Ad26, aplicados separadamente no regime de duas doses do imunizante. Já o imunizante britânico apostou em um adenovírus encontrado em chimpanzés.
Os vírus adotados pelas duas vacinas são adaptados para atuarem como vetores virais. Inofensivos, eles carregam informações genéticas do novo coronavírus para induzir a produção de anticorpos contra o Sars-CoV-2 pelo organismo. Segundo um estudo revisado por pares e publicado na Lancet na última terça-feira, a eficácia da Sputnik V contra a Covid-19 sintomática foi de 91,6%.
Já um artigo publicado na mesma revista científica em dezembro apontou uma proteção de 70% para a vacina da AstraZeneca. No entanto, na última terça-feira, pesquisadores da Universidade de Oxford anunciaram que o imunizante já garante uma proteção de 76% na primeira dose, índice que pode ser ampliado para 82% caso a dose de reforço seja aplicada 12 semanas após a primeira.
O chefe do RDIF, Kirill Dmitriev, disse à Reuters nesta quinta-feira que a Rússia está disposta a colaborar com pesquisas combinando a Sputnik V com qualquer vacina de eficácia abaixo de 90%. Segundo Dmitriev, centenas de pessoas de vários países participarão do teste com a AstraZeneca, que já foi aprovado por diversas agências reguladoras. O recrutamento de pacientes começou na semana passada, informou a conta oficial da Sputnik V no Twitter.
O Reino Unido também iniciou um teste nesta quinta-feira para avaliar as reações imunológicas geradas se uma dose da vacina da Pfizer e da BioNTech for combinada à da AstraZeneca em um cronograma de duas vacinas.
A Sputnik foi a primeira (vacina) do mundo a sugerir que as duas doses deveriam ser diferentes para dar uma reação imunológica mais forte e duradoura, mais resistente a mutações — disse Dmitriev, acrescentando que o RDIF também anunciará um teste conjunto com uma grande empresa chinesa em breve sem especificar a companhia. — Então o que outros estão começando a fazer com este tipo de teste é seguir nossos passos.
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