SÃO PAULO – O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, foi recebido com protestos estudantis na Faculdade de Medicina da USP, sua primeira agenda pública desde que assumiu o cargo, na última terça-feira.
Queiroga atendeu a um convite da direção da faculdade, que havia encaminhado a ele um manifesto de professores titulares da instituição que pedia o compromisso do governo federal com medidas científicas de combate à pandemia.
O ministro passou primeiro pelo Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP) acompanhado do ministro da Educação, Milton Ribeiro; do cardiologista Roberto Kalil, do Incor; e do secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn. Ali, afirmou ser necessário coordenar ações conjuntas no combate à pandemia, sem precisar quais.
O movimento foi visto por membros da comunidade médica como uma sinalização de mudança nos rumos da pasta, que até então entrava em conflitos com governos estaduais.
Temos uma emergência sanitária de importância internacional (…). É necessária a união de todos com base na ciência, com base no humanismo, para que consigamos superar essas dificuldades — disse o ministro.
Em seguida, Queiroga visitou o HC e se dirigiu à Faculdade de Medicina da USP, onde participou de um evento com professores da instituição, representantes do movimento estudantil e médicos. Na chegada, foi recebido por um protesto de cerca de 60 estudantes de medicina que criticam o governo Bolsonaro e sua política de combate à pandemia.
O ministro ouviu gritos de “vacina sim, cloroquina não”, “vacina, pão, saúde e educação” e “Bolsonaro genocida”.
No evento, Queiroga se comprometeu a criar um grupo de trabalho do qual fará parte o professor Carlos Carvalho, pneumologista da USP, que deverá elaborar um protocolo de tratamento da Covid-19 a ser adotado pelo ministério. Carvalho é um crítico contumaz de tratamentos alternativos e comprovadamente ineficazes, como o uso de cloroquina e ivermectina no tratamento de pacientes com coronavírus.
A ação foi vista pelo diretor da faculdade, Tarcísio Eloy, como uma resposta ao manifesto da instituição, que pedia o fim de tratamentos sem eficácia comprovada.
O ministro também se comprometeu a garantir a transparência na divulgação dos dados relativos à pandemia, um dia depois de sua pasta ter dificultado o registro de mortes de vítimas da Covid-19. O ministério voltou atrás da decisão no mesmo dia.
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