Enchente em Carauari deixa pessoas em situação de vulnerabilidade

“Nunca vi uma enchente nessa época do ano deste tamanho, nasci e cresci à beira do rio Juruá e o que está acontecendo é inédito”, afirma o morador do município de Carauari (distante 780  km de Manaus), o aposentado Joaquim Cunha, sobre a subida dos rios, neste mês, no Estado do Amazonas. Colaboradores da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) visitaram o local, do dia 15 a 20 de março, para entender a situação dos habitantes e buscar soluções para minimizar os impactos.

De acordo com o Coordenador de Articulação Institucional da FAS, Ademar Cruz, das 12 comunidades visitadas, 80% foram diretamente afetadas pela enchente. “Essas pessoas perderam não só suas moradias, como também seus trabalhos, quase todos desenvolvidos na agricultura e plantio”, informou. 

A expressiva subida do rio Juruá foi uma reação ao evento La Ninã que provoca a intensificação das chuvas no Brasil, principalmente na Amazônia, no Nordeste e parte do Sudeste. A informação consta no Boletim de Monitoramento Hidrometerológico da Amazônia Ocidental, divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que também comprovou que a bacia do rio Juruá teve a maior média de precipitação na Amazônia, atingindo 365 mm, no período do dia 16 a 17 de março de 2021. 

Enchente e animais 

Ademar Cruz declara que muitos moradores afirmam que o perigo com os animais é outra situação que os aflige. Uma moradora, da Comunidade Morada Nova, expõe que já matou três cobras nas últimas semanas. Os animais entram nas casas pela correnteza do rio, que já chegou também a derrubar algumas casas da região.

Abrigo

Em entrevista com as comunidades, o coordenador alega que muitas famílias perderam totalmente suas casas e procuraram abrigo em um dos locais mais altos da cidade, a escola. Entretanto, a subida do rio já atingiu a escola e a precariedade de moradia ficou pior. “É uma vivência triste presenciar essa situação, visitar as casas e ver tanto sofrimento. Junto à pandemia, essa enchente leva uma grande desesperança para os moradores”, declara Ademar Cruz. 

Crise

A preocupação maior da população é a existência de uma forte crise após a enchente. Todas as produções na agricultura foram perdidas para água e é necessário recomeçar todo o trabalho. “Para quem não tinha nada, a inquietação será ainda maior, começar do zero poderá causar depressão em muitas famílias da comunidade”, afirma o coordenador. 

A FAS já iniciou o processo de reuniões para novas parcerias e para colaborar com a recuperação de fonte de renda, e moradia das pessoas atingidas pela enchente.

Foto: Divulgação

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