Lançada pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), a pesquisa visa levantar dados para a construção de propostas para fortalecer e aprimorar os serviços de saúde nas comunidades ribeirinhas e aldeias amazônicas.
A pandemia da Covid-19 afetou duramente as regiões remotas da Amazônia, expondo a necessidade de se aprimorar o modelo de atenção básica de saúde na região. Com o objetivo de contribuir com a proposição de estratégias para superação dos desafios há muito tempo enfrentados nos territórios indígenas e comunidades ribeirinhas, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) está realizando, até o dia 7 de maio, uma consulta popular para conhecer as necessidades dos usuários do sistema. O questionário está disponível no link: abre.ai/sus-floresta.
A pesquisa ocorre no âmbito do projeto SUS na Floresta da FAS, que busca analisar, debater e propor ajustes no Sistema Único de Saúde (SUS) para melhor adequá-lo à realidade da Amazônia profunda. O projeto é articulado por meio de uma parceria com o programa Todos Pela Saúde, iniciativa criada pelo Itaú Unibanco para apoiar o combate ao novo coronavírus e seus efeitos.
“Os esforços do projeto visam identificar soluções para a efetividade dos serviços nestes territórios, garantindo um sistema que promove saúde, cuidado e qualidade de vida a ribeirinhos e indígenas, e que considera suas especificidades e interculturalidades”, explica a consultora do SUS na Floresta, Nathalia Flores.
Através da consulta popular, a FAS pretende envolver a sociedade no processo de construção dessas propostas, para que elas possam refletir ao máximo as impressões e opiniões da população, muitas vezes excluída dos processos decisórios sobre saúde pública: quais são as dificuldades enfrentadas e o que pode ser melhorado. A pesquisa é aberta à participação de pessoas de todo o Brasil, tanto da área urbana quanto rural.
Realidade amazônica
O objetivo do SUS na Floresta é fortalecer e aprimorar o SUS para o contexto específico das comunidades e aldeias amazônicas. A principal característica da Amazônia profunda é o isolamento e, dele, decorrem dificuldades de transporte, logística e comunicação, que impactam diretamente os serviços de saúde na região. Entre os principais gargalos identificados pelo projeto, estão problemas de acesso à atendimento, exames e medicamentos pela população, além da falta de estrutura adequada de trabalho para os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes Indígenas de Saúde (AIS) que atuam junto às comunidades e famílias atendidas na atenção primária.
É necessário considerar ainda as diferenças sociais, culturais, ambientais, econômicas e institucionais da região. Nesse sentido, o projeto propõe um olhar mais voltado à realidade da população local, resgatando práticas preventivas e tratativas que incorporam suas tradições, saberes e identidades. “Essas populações, tradicionalmente e ancestralmente, possuem práticas integradas e complementares de saúde, com suas garrafadas, seus preparos de plantas medicinais, suas rezas, benzedeiras e pajelanças. São práticas valiosas, mas que não estão se efetivando dentro de uma política de saúde”, destaca Nathalia.
Próximos passos
Após a conclusão do levantamento e a elaboração de uma proposição de melhorias e aprimoramentos do sistema de saúde, a próxima etapa do projeto será a apresentação e defesa das sugestões junto ao poder público, fomentando um processo de discussão. “É o passo de levar isso às autoridades, ao legislativo, ao poder público, e tentar influenciar essa política pública de saúde para promover, nas instâncias legais, as melhorias necessárias. Mostrar que houve um processo consultivo e participativo, em que pessoas de organizações e da sociedade se envolveram, e que resultou nessa proposição”, conclui a consultora.
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