Em tempos de pandemia da Covid-19, o que mais se fala é na importância da vacinação. A efetividade das doses continua sendo monitorada de perto e já está associada à redução do número de casos no mundo. Com o avanço das campanhas de imunização, algumas dúvidas e medos começam a surgir. Afinal, quem tem varizes corre risco ao se imunizar? A vacina é mesmo capaz de causar quadros de trombose? O Cirurgião Vascular chefe do Instituto de Flebologia Avançada, Dr. Paulo Laredo, revela que o risco para quem toma vacina é raríssimo.
“É importante ressaltar que vacina nenhuma causa trombose. Até existem complicações, mas é muito raro. Dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular apontam que o risco é de 0,0004%, enquanto que as chances de você pegar a Covid-19 é de 16,5%. Observando esses dados, nós indicamos que as pessoas tomem sim as doses para evitar a contaminação pelo coronavírus. As pessoas precisam se informar em fontes confiáveis e sempre consultarem os especialistas no qual fazem o acompanhamento médico”, destacou.
Paulo Laredo relata que entregou uma carta a uma paciente para que ela pudesse se vacinar, no entanto, a equipe responsável pela vacinação se negou a aplicar o imunizante em razão de ela ser uma paciente com risco de ter trombose.
“A paciente voltou ao consultório contando que foi impedida de tomar a vacina por uma enfermeira. Isso é inadmissível! Ninguém pode impedir que você seja vacinado. Em casos de dúvidas, o paciente deve procurar o especialista, que vai fazer toda a indicação necessária com base na avaliação de cada caso. Não há qualquer contraindicação da Agência Nacional de Saúde sobre isso”
O angiologista diz ainda que antes de divulgar informações erradas por aí, a pessoa tem que entender os tipos de vacina e como elas agem no organismo humano. As vacinas criam imunidade contra certas doenças e elas possuem em sua composição agentes patogênicos que criam anticorpos. Em raros casos, esses anticorpos podem fazer com que as plaquetas se agreguem, o que leva a uma diminuição no número de plaquetas e à trombose.
As tromboses relacionadas à vacina ocorrem com frequência em locais pouco comuns, como vasos abdominais e seios venosos cerebrais. Embora raros, nos casos em que ocorrer a trombose, o importante é que o quadro seja diagnosticado com rapidez.
“Os pacientes devem ficar atentos aos primeiros 20 dias após a vacinação. Porém, vale destacar que milhares de pessoas sendo vacinadas neste momento, e pode ser comum uma associação desnecessária sem reação de causalidade. Isso quer dizer: pacientes que têm a trombose não por conta da vacinação, mas por uma disposição genética.
Os sintomas podem ser: falta de ar; dor no peito; inchaço na perna; dor abdominal persistente; dor de cabeça persistente ou acompanhada por visão turva, náuseas e vômito, dificuldade com a sua falta, fraqueza ou sonolência; visão borrada e pequenas manchas avermelhadas na pele, próximas do local onde foi aplicada a dose.
Importância da imunização
Paulo Laredo destaca que o paciente deve sempre optar pela imunização, já que ela é uma medida de extrema importância para reduzir casos de trombose decorrentes do internamento por Covid-19.
“A infecção pela Covid-19 pode apresentar um maior risco para a formação de coágulos sanguíneos em pacientes com estado grave da doença. Então, em resumo, a vacina é muito mais segura do que estar exposto à Covid-19. No Brasil, por exemplo, foi relatado apenas um caso de trombose associado a plaqueta baixa, após milhões de doses da Oxford aplicadas. Devido à raridade, ainda não foram identificados fatores de risco relacionados à doença. Então não há motivos para dúvidas: a vacina é a arma mais importante para combater a Covid-19. A orientação da Anvisa é de continuar a vacinação para todos os brasileiros e brasileiras sem restrição”.
O médico ainda destacou que estudos recentes mostram que no Estados Unidos e em Israel as pessoas que vacinaram contra a primeira e a segunda dose estão protegidas de ter formas mais graves da variante Delta. Quem não tomou nenhuma vacina apresentou maiores números de internação hospitalar e morte.
Foto: Divulgação