Césio 137: Após 33 anos, mulher de bombeiro será indenizada em R$ 20 mil por lavar farda radioativa

Depois de 33 anos, uma mulher vai receber R$ 20 mil de indenização por danos morais após desenvolver depressão grave em consequência de um câncer de pele supostamente desenvolvido por lavar a farda do marido, que prestou serviço durante o acidente com Césio 137, em Goiânia, em setembro de 1987.

Para proferir a sentença, a Turma Recursal da Seção Judiciária da Justiça Federal em Goiânia considerou o resultado de perícia realizada pela Junta Médica Oficial do Centro de Assistência aos Radioacidentados (Cara). De acordo com a decisão da Justiça, não houve qualquer alerta da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) sobre o risco da exposição à radiação, e Benvina Alves Amado, hoje com 71 anos, continuou a limpar a farda do bombeiro Osvaldino Fidencio Amado, já aposentado, sem nenhuma proteção.

“A conclusão foi taxativa ao afirmar que há nexo de causalidade da enfermidade psíquica com o acidente do Césio 137”, escreveu o juiz João Paulo Morretti de Souza, na decisão confirmada pelo colegiado.

Mesmo após diversas sessões de radioterapia no combate ao câncer de pele, Benvina recebeu diagnóstico de um médico psiquiatra que atestou a impossibilidade de ela trabalhar por causa do seu estado de saúde.

Acidente

No dia 13 de setembro de 1987, um grupo de catadores de ferro-velho entrou numa clínica abandonada no Centro de Goiânia, encontrou um velho aparelho de radioterapia e decidiu desmontá-lo para revender suas peças. Começava ali “o maior acidente de contaminação por césio já ocorrido em todo o mundo, maior do que em Chernobyl”, informou, dias depois, o então presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Rex Nazareth.

Segundo o Greenpeace, matou quatro imediatamente — entre eles uma menina de 6 anos que passou no corpo a substância que brilhava no escuro — e deixou um rastro de contaminação que afetou para sempre a saúde de centenas de pessoas.

O material foi vendido a outro ferro velho. Como várias pessoas passaram a apresentar sintomas de contaminação, houve a suspeita de que o material poderia ser a causa e por isso foi levado à Vigilância Sanitária. Os médicos começaram a suspeitar de que as lesões de pele apresentadas pelos pacientes que procuravam os serviços de saúde teriam como causa uma contaminação radioativa.

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