A expectativa é que as informações coletadas auxiliem na tomada de decisão de conduta clínica pela equipe médica
As pesquisas com biologia molecular são aliadas na prevenção ao câncer de colo de útero no Amazonas, através de projeto piloto desenvolvido na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado (FCecon), unidade vinculada à Secretaria de Saúde (SES-AM). A expectativa é que as informações coletadas auxiliem na tomada de decisão de conduta clínica pela equipe médica.
O projeto foi idealizado pela chefa do serviço de Ginecologia da FCecon, ginecologista Mônica Bandeira, com o objetivo de oferecer às pacientes da Fundação Cecon o teste de HPV (Papilomavírus Humano) para o acompanhamento após a conização do colo do útero, que é a retirada de lesões que vêm antes do câncer. Esse exame é mais seguro e sensível.
Atualmente, o protocolo de seguimento pós-conização na FCecon, seguindo as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), é através do exame Papanicolau (preventivo).
Segundo a diretora de Ensino e Pesquisa (DEP) da instituição, Kátia Luz Torres, o projeto visa otimizar e melhorar a qualidade e a segurança da conduta médica no acompanhamento após a cirurgia de conização.
Após uma reunião com a Direção da FCecon, Diretoria de Ensino e Pesquisa e o serviço de Ginecologia, foi feita uma pactuação para que as análises de biologia molecular pós-conização sejam rotina na instituição.
“Estabelecemos um fluxo com o serviço de Ginecologia e vamos conseguir realizar a genotipagem dos dois genótipos de HPV oncogênicos mais prevalentes, o 16 e o 18. Essa informação estará disponível para a equipe médica, para a tomada de decisão de conduta clínica. É uma fase piloto, porém importante”, disse Kátia Torres.
Biologia
A biologia molecular estuda as interações entre os vários sistemas da célula, partindo da relação entre o DNA, o RNA e a síntese de proteínas, e o modo como essas interações são reguladas.
Este tipo de estudo é uma das ações realizadas pelo Governo do Amazonas na prevenção ao câncer de colo de útero. Em abril deste ano, começaram as obras de construção do Centro Avançado de Prevenção do Câncer do Colo do Útero do Amazonas (Cepcolu), anexo à FCecon.
Segundo Mônica Bandeira, as ações buscam dar resolutividade às lesões precursoras de alto grau do colo do útero, causadas pelo HPV. “Muito em breve, o Cepcolu está construído e pronto para tratar as lesões precursoras do câncer de colo uterino, somando a isso o seguimento pós-conização com biologia molecular. É a verdadeira revolução no enfrentamento ao câncer do colo do útero no Amazonas”, comemorou.
O Amazonas é o líder no ranking brasileiro em número de casos e mortes de câncer de colo uterino. Por ano, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 700 novos casos da doença no Estado.
Recomendação
O projeto beneficia o cenário da prevenção a este tipo de neoplasia maligna, à medida em que coleta mais uma informação importante. Nas literaturas nacionais e internacionais, se recomenda que seja feito o acompanhamento, após a conização, não somente com exames citológicos, como o Papanicolau, mas com exames moleculares.
“É um salto de qualidade e segurança na conduta clínica. Exemplo claro de como a pesquisa pode promover mudanças e melhorias na assistência. É um exemplo concreto de que essa parceria dá certo e é isso que as pesquisas na Fundação Cecon se propõem a fazer”, destacou Kátia Torres.
Infraestrutura
O projeto era um objetivo antigo na instituição, porém está sendo implementado graças à infraestrutura do laboratório de biologia molecular da FCecon com equipamentos, pesquisadores e bolsistas. O setor recebe aporte da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa Pró-Estado, que financia a Rede Genômica de Vigilância em Saúde (Regesam), coordenada pela FCecon.
Além da pesquisa para a prevenção ao câncer de colo uterino, outro importante estudo é desenvolvido na FCecon, envolvendo vários setores, para pesquisar as alterações genéticas dos tumores colorretais. O objetivo é proporcionar um tratamento mais personalizado para cada perfil molecular desses tumores.
FOTOS: Luís Mansueto/FCecon, Érico Xavier/Fapeam e Lucas Silva/Secom