Idosos com Covid lotam hospital no centro da China

Conectado a um tubo respiratório debaixo de várias mantas, um homem geme em um leito no serviço de emergência de um hospital de Chongqing, no centro da China. Um paramédico do Primeiro Hospital Universitário Afiliado de Chongqing confirma que o idoso tem Covid-19. Todos os dias, eles recebem uma dezena de pessoas, das quais até 90% estão infectadas pelo vírus.

A maioria são idosos — diz ele, durante seu turno nesta quinta-feira. — Muitos dos funcionários do hospital também têm testes positivos, mas não temos outra opção a não ser continuar trabalhando — acrescenta.

Enquanto o número de casos aumenta, o vírus se espalha nesta cidade e por todo o país. As autoridades afirmam que é impossível monitorar os contágios após o abandono abrupto dos testes em massa, das restrições de viagens e dos confinamentos aplicados desde o início da pandemia.

O paciente mais velho esperou meia hora para ser atendido. Em uma sala contígua, a AFP viu outros seis doentes acamados, de idade avançada, cercados por médicos e familiares preocupados. Cinco estão conectados a ventiladores e com claras dificuldades respiratórias.

Milhões de idosos na China ainda não completaram o esquema de vacinação, o que aumenta o medo de uma morte em massa desse grupo. Sob as novas instruções do governo, porém, muitos não serão contabilizados como vítimas da pandemia.

Antes, as pessoas que morriam enquanto estavam infectadas eram registradas como óbitos por Covid. Agora, serão contabilizados apenas quem morrer por insuficiência respiratória como consequência direta da infecção.

As pessoas mais velhas têm outras patologias prévias. Apenas um número muito pequeno morre diretamente de insuficiência respiratória causada pela Covid — alegou uma autoridade de saúde esta semana.

A AFP não conseguiu acesso ao departamento de pacientes respiratórios críticos.

Crematórios lotados

Em um enorme crematório na zona rural da cidade, uma longa fila de veículos esperava nesta quinta-feira para estacionar dentro do complexo funerário. Dezenas de familiares se reuniam em grupos, alguns carregando urnas de madeira, em meio ao barulho dos gongos fúnebres e ao cheiro de incenso.

Recentemente, o número de cremações tem sido muito alto — relata um funcionário de um crematório da cidade — Não é possível colocar os corpos nas geladeiras, eles devem ser cremados no mesmo dia — completou.

Quatro famílias disseram à AFP que seus parentes não morreram de Covid, mas de doenças prévias. Um homem de meia idade contou, no entanto, que um parente de idade avançada faleceu após testar positivo para o vírus.

Tenho estado constantemente ocupado. Trabalhamos mais de dez horas por dia com poucas pausas — diz um motorista funerário.

Um motorista de táxi diz que muita gente já foi infectada, incluindo ele, toda sua família e a maioria de seus amigos.

Não tivemos escolha a não ser nos tratarmos em casa — afirmou à AFP.

Para ele, a China já deveria ter reaberto há muito tempo.

A Covid não é nada do outro mundo. A maioria das pessoas se contamina e segue em frente — minimizou.

Reprodução: https://extra.globo.com/noticias/mundo/idosos-com-covid-lotam-hospital-no-centro-da-china-25632144.html

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