Universitários participam de imersão em comunidades ribeirinhas da Amazônia 

Com o objetivo de promover um intercâmbio de conhecimentos sobre Turismo de Base Comunitária (TBC), alunos do curso de Gestão em Turismo da Universidade Nilton Lins, em parceria com a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), participaram de uma imersão na comunidade Tumbira, situada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro. 

A programação, que aconteceu nos dias 21 e 22 de maio, reuniu 36 pessoas, entre acadêmicos e professores, proporcionando uma interação entre os graduandos do curso presencial, em Manaus, e os alunos da modalidade Ensino a Distância (EaD), que vivem em comunidades ribeirinhas em Unidades de Conservação no interior do Estado do Amazonas.

O curso tecnólogo em Gestão de Turismo é uma iniciativa inédita para os empreendedores e comunitários que têm no TBC sua mais importante fonte de renda, por meio de pousadas, restaurantes e atrativos turísticos. 

O projeto é fruto de uma parceria estratégica da FAS e Universidade Nilton Lins, com apoio da LVMH – Louis Vuitton Moët Hennessy, rede francesa especializada em artigos de alto padrão. O projeto, iniciado em 2022, oferece o curso na modalidade EaD para 20 moradores das RDS do Rio Negro e Uatumã.

Durante a imersão, os acadêmicos realizaram visitas técnicas às comunidades Tumbira, Santa Helena do Inglês e Saracá, que atuam com o turismo de base comunitária. Os estudantes conheceram os potenciais empreendimentos, atrativos culturais e naturais da região. Os universitários também realizaram a 1ª Mostra Cultural de Gestão em Turismo, com apresentações culturais e exposições de produtos das suas comunidades.

Para a supervisora de empreendedorismo da FAS, Thaís Oliveira, a experiência foi positiva e enriquecedora para a formação dos participantes. “Principalmente para os universitários que estão na floresta, nas unidades de conservação, pois permitiu que eles conhecessem os colegas e professores da universidade após um ano de interação via EaD. A vivência direta com as comunidades locais permitiu aos acadêmicos uma compreensão aprofundada do turismo de base comunitária. Esse tipo de intercâmbio é essencial para formar profissionais mais conscientes e preparados para atuar de maneira sustentável nas comunidades da Amazônia”, afirma.

A fala foi reverberada pelo coordenador do curso, professor João Emanuel, que essa integração na comunidade proporcionou novos olhares aos alunos em relação ao curso.

“Poder envolver os alunos, ter aquela troca de conhecimento, fazer todas as atividades que desenvolvemos em parceria com a FAS, foi muito gratificante. Os alunos voltaram, com toda certeza, com bastante entusiasmo para seguir com essa profissão. Sabemos que as comunidades visitadas não são de grande fluxo, principalmente do destino. Elas recebem muitos visitantes, muitos turistas, mas que já vão com pacotes fechados. Então, os alunos foram, inclusive, para ver essas potencialidades, desafios, ameaças, o que pode ser melhorado”, afirmou.

Em complemento, o docente elogia a parceria entre a universidade e a FAS que, segundo ele, é importante para a promoção da educação e do turismo na Amazônia. “A iniciativa do curso é muito importante, pois oferta esse curso para as comunidades ribeirinhas, para quem trabalha, principalmente, no turismo de base comunitária. Através do ensino de qualidade, a Universidade Nilton Lins conta com todo o apoio da FAS, principalmente nessas atividades práticas e com o trabalho que a instituição já desenvolve dentro dessas comunidades através dos seus núcleos, para que os alunos possam, de fato, ter o ensino e ter acesso a esses conteúdos. Então, é muito gratificante, a iniciativa é magnífica. Sem o apoio da FAS, seria muito mais difícil acessar nosso público-alvo, que são os ribeirinhos, as pessoas que estão ali nas comunidades, que pensam em trabalhar ou já trabalham com o turismo. Sem o apoio da FAS nada disso seria possível”, completa.

“Minha formação será minha maior realização”

Moradora da RDS do Uatumã e indígena do povo tikuna, Ryna Martins, é uma das alunas do curso de Gestão em Turismo que participou da imersão. Ela classifica a experiência como “extraordinária”, pois conseguiu ver como o turismo transforma a vida de comunidades inteiras.

“Vimos o quanto o turismo já mudou muitas famílias, comunidades e, acima de tudo, a realidade das pessoas e suas histórias, e de como elas estão hoje através do turismo”, disse Ryna.

A aluna, que é agricultora e pescadora, já atua com turismo de base comunitária, gerenciando uma pousada no lago da Vila de Balbina, no município de Presidente Figueiredo. Segundo ela, a graduação permitiu que ela profissionalizasse seus conhecimentos.

“O curso veio em um momento certo em nossas vidas, pois em nossa região acontece a pesca esportiva, então o turismo já faz parte das nossas vidas. A imersão contribuiu para minha formação de uma forma esplêndida, pois o curso me fez entender que não fui eu que escolhi o turismo, mas sim o turismo que me escolheu. Através desse curso, tudo mudou e minha formação será a maior realização em minha vida, pois quem diria que uma indígena tikuna, da beira do rio Uatumã, iria alcançar isso. Serei a melhor profissional que o turismo possa ter”, declarou.

Sobre a FAS

A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia. Sua missão é contribuir para a conservação do bioma, para a melhoria da qualidade de vida das populações da Amazônia e valorização da floresta em pé e de sua biodiversidade. Com 16 anos de atuação, a instituição tem números de destaque, como o aumento de 202% na renda média de milhares famílias beneficiadas e a queda de 39% no desmatamento em áreas atendidas.

Créditos: Bruna Martins

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