Moradores negam qualquer consulta
BRASÍLIA. O senador Plínio Valério (PSDB-AM) anunciou hoje que vai requerer ao Ministério do Meio Ambiente, da ministra Marina Silva , a ata de suposta audiência pública com moradores da comunidade de Novo Remanso, em Itacoatiara , para justificar a criação de uma reserva equivalente a 15 mil campos de futebol, teoricamente para proteger algumas dezenas de um primata chamado sauim-de-coleira, prejudicando pelo menos 10 comunidades de pequenos agricultores e futuramente barrar no Rio Amazonas o andamento da construção de um porto .
O segundo passo para escravizar os moradores locais, segundo Plínio , seria o Ministério Público Federal do Amazonas proibir o financiamento rural para os agricultores que moram dentro da reserva, que serão escravizados como os proprietários de terras abarcadas na Reserva Chico Mendes, no Acre, proibidos até de criar vacas para alimentar os filhos ou construir ponte para levá-los a escola.
“Cinquenta sauins-de-coleira vão ter o equivalente a 15 mil campos de futebol para percorrer e ficar, e os moradores das dez comunidades perderão todos os seus direitos, porque assim que é em reserva extrativista, que não é o caso, mas é em reserva, sim. Agora vamos lá. Sabem o que tem nesse território, além dos moradores, além dos produtores, além das plantações? O Rio Amazonas, onde podem se fazer portos, onde se podem construir ramais. É tudo mancomunado, é tudo tramado. No Amazonas, o maior estado da Federação, 65% da população vive abaixo da linha da pobreza. Falta moradia, falta saneamento básico, falta tudo! E me vem a Ministra Marina Silva criar uma reserva equivalente a 15 mil campos de futebol para proteger 50 sauins-de-coleira” protestou Plínio Valério.
Plínio solicitou a ata da suposta audiência pública que aprovou a nova reserva, e disse ter certeza que “ o fio da meada vai dar no que a gente já sabe: nas ONGs que dominam completamente a Amazônia” e atuam para barrar qualquer projeto de desenvolvimento na região. Ele chamou a criação dessa nova unidade de conservação de “armadilha” e quer a ata para verificar se foram cumpridas as exigências que impedem a exploração do potássio em Autazes.
“Forjaram uma audiência pública e fizeram a ata, e eu estou em busca dessa ata para mostrar e provar que nenhum, nenhum colono, nenhum morador foi consultado. Portanto, é uma ata falsa… Novo Remanso, saibam que vocês não estão sós. O que estão tomando de vocês, para escravizar vocês, contra o que vocês se rebelam, com razão, vai ter respaldo, sim” denunciou Plínio da tribuna do Senado.
No texto em que o Ministério do Meio Ambiente justifica a criação da reserva diz que se procura, “promover práticas agrícolas compatíveis com a manutenção dessa espécie”; ou seja, os moradores das dez comunidades vão ter que adaptar a sua atividade agrícola agora ao que o Ministério do Meio Ambiente vai criar para ser compatível com a sobrevivência do sauim-de-coleira.
“O Ministério Público Federal do Amazonas proibiu crédito rural em unidades de conservação. Estão vendo só a armadilha? Estão vendo só? O Ministério Público Federal do Amazonas proibiu crédito rural em unidades de conservação. E, sem crédito, qualquer babaca, qualquer imbecil sabe que não tem financiamento agrícola. Não ofende, mas dói, quando o Ministério Público Federal se presta para esse tipo de coisa. Tudo é mancomunado, tudo é armado” prevê Plínio.
Um texto do Ministério do Meio Ambiente reproduzido em publicações internacionais faz referência a uma “Amazônia quase mítica: um verde e vasto mundo de águas e florestas, onde as copas de árvores imensas escondem o úmido nascimento, reprodução e morte de mais de um terço das espécies que vivem sobre a Terra”.
“Hipócritas! Hipócritas” protestou Plínio.