Faculdade de Itacoatiara realiza projetos de prevenção e primeiros socorros voltados aos ribeirinhos

Com ações práticas e acessíveis, alunos de Medicina e professores levam informações e técnicas que podem ser usadas em situações de emergência

Em zonas ribeirinhas do interior do Amazonas, onde a logística dificulta o atendimento médico emergencial, o conhecimento das técnicas de primeiros socorros é fundamental e pode salvar vidas. Esse é o foco principal de duas ações que começaram a ser executadas pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itacoatiara, transformando teoria em prática e aproximando o ensino da realidade amazônica.

O projeto “Sinais de Vida: identificando emergências médicas na Terceira Idade” e a oficina “Todo Mundo Pode Salvar: Primeiros Socorros na UBS” já conseguiram, em pouco mais de um mês, capacitar 150 moradores. As ações estão inseridas em disciplinas do curso de Medicina da instituição, envolvendo alunos do 2º e 3º períodos.

Segundo a diretora geral da Afya Itacoatiara, Soraia Tatikawa, o propósito é preparar os moradores de locais distantes da sede municipal para reconhecer sinais de risco e agir com segurança até a chegada do socorro. Os ensinamentos repassados reforçam os cuidados preventivos dentro das comunidades.

As primeiras ações foram realizadas na Unidade Básica de Saúde (UBS) Maria da Paz Rocha Litaiff, conhecida como UBS do Interior, por atender comunidades ribeirinhas, e na Escola Municipal Moisés Menezes dos Santos, localizada no km 5 da rodovia AM-010, no ramal Jacarezinho, Comunidade Nossa Senhora Aparecida. O público-alvo foram os idosos e familiares, Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e moradores em geral.

De acordo com a professora coordenadora dos projetos, Vanessa Ayres, o impacto indireto das ações é muito grande, à medida que o conhecimento adquirido é compartilhado dentro das famílias e das próprias comunidades.

“O projeto Sinais de Vida envolveu aproximadamente 50 idosos, enquanto a oficina reuniu cerca de 100 participantes, nas primeiras ações realizadas. O objetivo é que o aprendizado ultrapasse o momento das atividades e se transforme em prática cotidiana, fortalecendo a cultura de prevenção e a resposta rápida diante de emergências”, ressalta a professora.

Vanessa Ayres conta que os projetos nasceram da observação dos próprios estudantes de Medicina sobre as necessidades locais. “Durante as visitas às UBSs e escolas parceiras da Afya Itacoatiara, os alunos perceberam o quanto a população se sente insegura diante de situações como desmaios, convulsões, engasgos ou paradas cardiorrespiratórias. A partir desses relatos, decidimos criar ações educativas que aproximasse o conhecimento técnico da realidade das pessoas”, observa.

A diretora Soraia Tatikawa reforça que as iniciativas refletem a visão institucional de promover o cuidado, antes do surgimento das doenças. “A promoção da saúde envolve educação, autonomia e fortalecimento dos vínculos entre ensino e comunidade. Essa abordagem está alinhada aos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), que prioriza a prevenção como caminho para uma vida melhor. Ao investir em ações educativas, formamos cidadãos mais conscientes e futuros médicos comprometidos com a realidade local”, afirma.

Reconhecer e agir para salvar vidas

O projeto “Sinais de Vida” orienta idosos, cuidadores e familiares sobre o reconhecimento precoce de sinais de risco — como quedas, tonturas, dores no peito e falta de ar —, sintomas frequentemente associados a emergências como Acidente Vascular Cerebral (AVC), infarto ou descompensações diabéticas. As atividades são realizadas com linguagem acessível, dramatizações e simulações práticas, estimulando o diálogo e valorizando o saber popular.

Já a oficina “Todo Mundo Pode Salvar” concentra-se na demonstração de manobras básicas de primeiros socorros, como reanimação cardiopulmonar (RCP) e desobstrução das vias aéreas, com o uso de bonecos e materiais educativos. A metodologia participativa permite que os participantes aprendam de forma simples e ganhem confiança para agir corretamente até a chegada do SAMU.

Para Vanessa Ayres, iniciativas desse tipo reforçam a importância da educação em saúde como ferramenta de transformação social. “Esses projetos mostram aos nossos estudantes que o papel do médico começa antes do hospital, com a escuta, o diálogo e a orientação. O cuidado nasce do vínculo e do compromisso com as pessoas”, explica.

Ela destaca, ainda, que o contato direto com a comunidade contribui para uma formação mais humanizada. “Quando o estudante vivencia a realidade local, desenvolve empatia, sensibilidade e compromisso social — valores essenciais para a prática médica e para a missão da instituição”, complementa.

As atividades contam com parceria da Secretaria Municipal de Saúde de Itacoatiara, fortalecendo a integração entre o ensino superior e as políticas públicas de saúde. “Preparar a população para agir diante de uma emergência é salvar vidas antes mesmo da chegada do socorro. Investir em educação em primeiros socorros é apostar em autonomia, solidariedade e prevenção — pilares de uma comunidade mais saudável e consciente”, frisa Vanessa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *