RIO – A demissão de Nelson Teich, o segundo ministro da Saúde a deixar o governo em menos de um mês no Brasil, foi destaque nos principais portais de notícias do mundo nesta sexta-feira. El País, na Espanha; New York Times, nos Estados Unidos; The Guardian e rede BB, no Reino Unido; e Clarín, na Argentina, foram alguns dos jornais que noticiaram a saída de Nelson Teich.
O jornal espanhol El País estampou em sua manchete da edição brasileira e das Américas que o Brasil perdeu seu segundo ministro da Saúde em plena pandemia. Luiz Henrique Mandetta, o antigo titular da Saúde, havia sido demitido em abril.
O jornal destacou ainda que Teich vinha sofrendo pressão do presidente Jair Bolsonaro para abrir a economia e autorizar o uso da cloroquina nos tratamentos de infectados, medicamento cujo uso não é comprovadamente eficaz no tratamento da doença. “Isolado e contrariado publicamente pelo presidente, Teich teve uma gestão relâmpago marcada por falta de autonomia e críticas de gestores estaduais pela morosidade nas ações”, afirma o jornal.
A reportagem também lembrou que o país soma mais de 14 mil mortos e 200 mil infectados enquanto avança a investigação sobre uma suposta interferência do presidente na Polícia Federal.
Ainda na Europa, o jornal britânico The Guardian também ressaltou as discordâncias entre Teich e Bolsonaro e lembrou que o Brasil já ultrapassou em número de casos a França e a Alemanha. Na mesma linha, a rede britânica BBC destacou que a saída do ministro acontece no momento em que Brasil é o país da América Latina mais atingido pela pandemia, com mais de 200 mil casos de infectados pelo novo coronavírus.
‘Incompatibilidade’ entre ministro e presidente
Na Itália, o Corriere della Sera também citou a “incompatibilidade” entre o ministro e o presidente e afirmou que Bolsonaro se isola em uma linha negacionista, na tentativa de não aumentar a crise econômica no país.
Nos Estados Unidos, o New York Times lembrou que a saída de Teich foi marcada por divergências entre o presidente em relação à adoção de medidas de distanciamento social e lockdowns, além do uso da cloroquina. O jornal americano ainda destacou a disputa interna entre governadores e prefeitos em grande parte do país, que defendem o isolamento social, e Bolsonaro, que defende que, assim como o presidente americano, Donald Trump, uma crise econômica seria mais prejudicial ao país do que o vírus.
“Nesta semana, Bolsonaro classificou os salões de beleza e academias de ginástica como negócios essenciais que devem permanecer abertos”, diz a reportagem.
Na América Latina, a demissão foi manchete de praticamente todos os principais jornais. O Clarín, na Argentina, destaca que o conflito sobre o uso de cloroquina, teria sido crucial para o pedido de demissão.
“Teich alertou esta semana sobre os riscos ‘colaterais’ de administrar esse medicamento aos infectados com coronavírus, e o presidente respondeu implicitamente pedindo a todos os seus ministros que ‘estivessem em sintonia’ com ele”, destaca. Mais Noticias em…. https://extra.globo.com/noticias/brasil/gestao-relampago-demissao-de-teich-em-menos-de-um-mes-repercute-na-imprensa-internacional-24429323.html