BRASÍLIA — Em discurso durante evento de lançamento de ações de prevenção ao suicídio e à automutilação, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou nesta quinta-feira que a juventude “nesse tempo de pós-modernidade” não acredita mais em coisas como Deus, religião, política e família e que a “quebra de absolutos e de certezas” leva jovens e adolescentes a tirar a própria vida.
No diagnóstico do ministro, que é pastor da Igreja Presbiteriana, o Brasil hoje tem “verdadeiros zumbis existenciais”, que não têm nenhuma motivação.
Ribeiro falou logo após a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e disse que aproveitaria a ocasião para apontar “pelo menos uma das grandes causas de tudo isso acontecer”. Isso porque, segundo ele, é preciso ir além da identificação de sintomas.
A minha pergunta é: o que aconteceu com a nossa juventude, que faz com que eles prefiram a morte do que a vida? O que aconteceu com eles, que faz com que eles se automutilem? Eram coisas que, na minha infância, aos 62 anos, eu nunca escutei coisas desse tipo e dessa natureza. E eu vou pela minha visão daquilo que julgo ser uma das causas, talvez não a única, mas pra mim é uma das principais. Tiraram da nossa juventude e dos nossos adolescentes todas as certezas. Vivemos num tempo de desconstrução de tudo, de tudo que é valor, de tudo que é absoluto, de todas as certezas da vida — comentou o ministro.
Ele citou o conceito de modernidade líquida, do “grande escritor e sociólogo” Zygmunt Bauman, para sustentar que, nesse tempo de pós-modernidade, “os absolutos são jogados na lata do lixo” e os jovens “perdem totalmente o referencial”. Ribeiro defendeu ainda que tudo na vida tem que ter um tempo determinado, e disse ter encontrado em “livros antigos” do MEC “algumas críticas que seriam próprias, talvez, para um quase jovem ou um jovem, não para uma criança do 6º ano”.
Discussões e desconstruções históricas que, para mim, não são oportunas naquela faixa etária. Eu fiquei muito preocupado com isso. A grande moda dos sociólogos e dos filósofos e de algumas correntes políticas hoje é destruir tudo e desconstruir tudo. Mas o pior: não se coloca nada no lugar, deixa um vazio. É por isso que os nossos jovens e adolescentes estão com esse vazio existencial que os leva a não viver com nenhum tipo de propósito, a tirar a própria vida. Nós temos hoje no Brasil, motivados, creio eu, meu diagnóstico, por essa quebra de absolutos e de certezas, verdadeiros zumbis existenciais. Não acreditam mais em nada, desde Deus à política. Eles não têm nenhuma motivação.
Sem citar nenhum governo anterior especificamente, o ministro mencionou pedagogias e filosofias “equivocadas”, que somam dúvidas e incerteza. E disse que, como nossos jovens “não acreditam mais em nada, nós precisamos recompor isso que foi desconstruído de uma maneira direta, pensada por alguns pensadores do passado não tão distante”.
Sobre a campanha do Ministério da Saúde, de ações de educação em defesa da vida, ele afirmou que o MEC dará todo o apoio necessário. As atividades incluem cursos à distância, encontros, palestras e elaboração de materiais para ampliar o atendimento em saúde, a formação nas escolas e nas comunidades, para capacitar profissionais da área, conselheiros tutelares, professores, líderes sociais, religiosos e de entidades beneficentes na prevenção do suicídio e da automutilação.
Ao fim de sua fala, Ribeiro elogiou o presidente Jair Bolsonaro, que não participou do evento, e disse que ele “é um homem de coragem”.
Quando foi possível e pensou-se em escolher um ministro da Educação, há menos de um mês e meio, ele não foi no grupo político de preferência e pediu para que eles indicassem, e em contrapartida terá um apoio irrestrito até o final do mandato. Ele não fez isso. Pelo contrário, ele escolheu um educador, que não tinha tanta fama ou tanto brilhantismo como tantos outros possuem, mas ele me procurou por causa de valores e princípios que ele preza e que ele quer ver consolidado nessa nação.
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