A Rússia anunciou nesta segunda-feira que começou a vacinar a população com a vacina Sputnik V, que foi registrada no país em setembro a despeito dos ensaios clínicos ainda não terem sido concluídos. O país entregou o primeiro lote conhecido do imunizante a um hospital de Moscou. O Hospital Central de Domodedovo informou que a imunização começou na semana passada.
O site da instituição informa que residentes interessados em serem vacinados devem se registrar em uma plataforma do governo com antecedência. Outro pré-requisito é apresentar um teste de Covid-19 atestando que não houve contágio pelo novo coronavírus e documentos de identificação.
Os casos da Covid-19 na Rússia cresceram de forma expressiva a partir de setembro, mas o governo tem resistido a adotar um lockdown rígido, como alguns países da Europa Ocidental que enfrentam uma segunda onda da doença. Autoridades têm defendido que medidas pontuais são suficientes para contornar a crise.
Segundo números oficiais do governo russo, 26.338 novos casos foram registrados nesta segunda-feira, incluindo 6.511 na capital e 3.691 em São Petersburgo, segunda cidade mais importante da Rússia, além de 368 óbitos nas últimas 24 horas. Ao todo, o país já soma 2.295.654 infectados e 39.895 vítimas fatais desde o início da pandemia.
No Brasil, os estados do Paraná e da Bahia formalizaram acordos com a Rússia visando a encomenda de doses e a produção da Sputnik V no país. No entanto, o laboratório Nikolai Gamaleya não formalizou pedido de testes ou de registro da vacina junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no momento.
Na China, cambistas atuam na vacinação
De acordo com o New York Times, a China, primeiro país afetado pelo novo coronavírus, no fim de 2019, também tem disponibilizado vacinas candidatas contra a Covid-19 de forma ampla sem garantias de segurança e eficácia destes imunizantes ao longo dos últimos meses.
As ressalvas não têm sido um problema para boa parte dos chineses, que já disputam doses e pressionam estoques de laboratórios com a crescente demanda.
A reportagem do Times mostrou que cidades já limitam a aplicação de doses, enquanto outras regiões exigem a comprovação de viagens rotineiras para autorizar a imunização.
A demanda além da capacidade de laboratórios levou inclusive à negociação de indicações para vacinação por cambistas, conhecidos como “vacas amarelas” na China, por até US$ 1.500 (mais de R$ 8.100). Antes da nova oportunidade, esses indivíduos negociavam novos modelos de celulares como o iPhone e passagens vantajosas de trem.
Especialistas alertam que a adesão voluntária a imunizantes sem comprovação científica pode representar grandes riscos por diferentes razões. Pessoas que receberam vacinas que posteriormente se demonstrarão ineficazes contra o Sars-CoV-2 podem acreditar que estão seguras e se expor em situações de contágio em potencial. Esses indivíduos também podem ser impedidos de receber doses de uma fórmula eficaz por já terem sido imunizados, além de possíveis efeitos colaterais não serem descartados.
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