O ministro da Justiça, André Mendonça, anunciou neste domingo que vai pedir abertura de inquérito policial contra o escritor Ruy Castro e contra o jornalista Ricardo Noblat. Em sua coluna no jornal “Folha de S.Paulo”, Ruy Castro ironizou o presidente americano, Donald Trump, após a crise da invasão do Capitólio na última quarta-feira. O escritor disse que se o presidente americano desejasse se tornar um “mártir”,” herói” ou “ícone” para seus seguidores, poderia se matar.
Ruy Castro, biógrafo de personalidades históricas do país, como Garrincha e Nelson Rodrigues, citou o ex-presidente Getúlio Vargas. Ao falar de Bolsonaro, lembrou que o presidente brasileiro costuma imitar ações de Trump. E sugeriu que ele também cometesse suicídio.
“Se Trump optar pelo suicídio, Bolsonaro deveria imitá-lo. Mas para que esperar pela derrota na eleição? Por que não fazer isso hoje, já, agora, neste momento? Para o bem do Brasil, nenhum minuto sem Bolsonaro será cedo demais”, diz o trecho da coluna.
O texto foi replicado nas redes sociais por Ricardo Noblat, o que provocou a reação de apoiadores de Bolsonaro. Após a repercussão, o ministro da Justiça afirmou que “alguns jornalistas chegaram ao fundo do poço” e, sem citar nomes, disse que “2 deles instigaram dois Presidentes da República a suicidar-se”.
Em seguida, anunciou o pedido para abertura de investigação.
Em nota, a Folha afirmou que, “como no caso de texto anterior de Hélio Schwartsman, que teve inquérito aberto pelo mesmo ministro e depois suspenso pelo STJ, o colunista emitiu uma opinião; pode-se criticá-la, mas não investigá-la”.
Em julho deste ano, Mendonça requisitou a abertura de um inquérito pela Polícia Federal, com base na Lei de Seguranla Nacional, contra o jornalista Hélio Schwartsman por conta do artigo “Por que torço para que Bolsonaro morra” escrito por ele e publicado no jornal “Folha de S.Paulo”.
Um mês depois, a pedido da “Folha de S.Paulo”, o ministro Jorge Mussi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), suspendeu o inquérito policial contra Schwartsman. De acordo com Mussi, ainda que possam ser feitas críticas ao artigo, não é possível verificar que tenha havido motivação política ou lesão real ou potencial aos bens protegidos pela Lei de Segurança Nacional. Por isso, ele suspendeu o inquérito até a análise de um recurso protocolado em favor do jornalista.
Depois das críticas de bolsonaristas, Noblat excluiu as publicações originais e explicou que apenas compartilhou o artigo como parte de um “clipping diário da mídia” que costuma fazer. O jornalista ainda desejou uma “vida longa” para o presidente Bolsonaro “para que ele possa colher o que plantou”.
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