No momento em que, substituindo o pai Josué Filho, assume, indicado pela Assembleia Legislativa (assim como o pai), o cargo vitalício de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado – TCE – o ex-deputado Josué Neto inicia a difícil missão de, ao longo de 35 anos, até o dia em que (como o pai) sairá ao 75 anos, pela Lei da Muleta, avaliar, analisar e julgar as contas de prefeitos, presidentes de Câmaras, gestores públicos responsáveis pela aplicação de valores e até o governador de plantão, neste período.
Se o trabalho é espinhoso, como costumam reclamar alguns conselheiros como muito tempo de cadeira, os salários e benefícios são saudáveis e apetitosos e representam, a um só tempo, a liberdade e conforto financeiro e uma aposentadoria de fazer inveja a ganhador da loteria.
Josué Filho é o herdeiro de um clã que deveria ser de radialista, mas que enveredou pelos caminhos da política, sempre com voraz apetite (assim como o pai), atividade inspirada no avó, o radialista fundador da rádio Difusora e criador da famosa “crônica do Dia”, uma reflexão do meio dia sobre a vida, as dificuldades e a capacidade de superação pelo sopro espiritual e crença em Deus.
O próprio Josué Cláudio de Souza não resistiu aos acenos políticos e exerceu cargos legislativos e executivos, pavimentando o caminho para o filho e neto, embora sua marca sempre foi o exercício da comunicação pelas ondas do rádio e os conselhos paternais que expelia na crônica do meio dia, quando a cidade parava para ouvir o velho mestre.
A foto mostra dois outros monstros sagrados, o escritos Max Carpentier cuja produção literária enaltece a inteligência e a criatividade do povo do Amazonas, Robério Braga também homem das letras, orador de elevada capacidade de convencimento e de satisfação para seus ouvintes, mas que também jogou a forte habilidade intelectual para o canto da sala, exercendo apenas como um passatempo especial, para disputar vagas no Legislativo, sendo vereador de Manaus, e depois como servidor público, circulando em torno de gestores governamentais, seja como secretário ilustre de obras determinadas, seja como secretário de governo (s), na pasta da cultura, onde ficou por décadas, sendo mais um promotor de eventos do que um incentivador da cultura popular, fazendo florescer os talentos e os valores de Manaus e do Amazonas.
Os dois, Max Carpentier e Robério Braga, sempre tiveram o amor pela barba, mesmo quando este apetrecho não era tão mimado pelos homens como o é atualmente, ao contrário de Josué Cláudio que preferiu, como símbolo pessoal, um frondoso bigode que exibia orgulhoso junto com a gravata borboleta, outro mimo que adorava.
Cabe agora a Josué Neto, com seus 35 anos de vitaliciedade no Tribunal de Contas, um emprego recebido pelos seus pares como oferenda à estirpe da família e que é maior do que qualquer prêmio de loteria, preferir cultivar a barba que é símbolo da masculinidade na moda do momento, ou se vai buscar no exemplo do avó o trato de um bigode marcante e também vitalício, embora não se espere dele, agora uma figura institucional, nem barba e nem bigode, mas a competência, a honestidade e a clareza no julgamento e no trato da coisa pública, defendendo o dinheiro do povo pelo exercício capaz de sua nova função.
Foto: Arquivo EXTRA