Um estudo liderado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em parceria com a Universidade Harvard (EUA) comprova a eficácia da vacinação contra a Covid-19 em idosos. Segundo a pesquisa, que analisou 235 mil óbitos no Brasil, foi observado que a mortalidade pela doença caiu de 28% para 16% na faixa etária de 70 a 79 anos, e de 28% para 12% no grupo acima de 80 anos depois do início da imunização, mesmo com o avanço no país da variante gama do coronavírus, também chamada de P.1 e identificada inicialmente em Manaus.
Em um período de 90 dias, as vacinas contra a Covid-19 salvaram a vida de 43 mil idosos com mais de 70 anos no Brasil, indica o estudo. Os resultados do trabalho ainda não passaram por revisão independente e devem ser antes submetidos ao portal de estudos abertos MedRxiv.
O estudo foi liderado pelo epidemiologista César Victora, da UFPel, e teve participação da demógrafa Márcia Castro, de Harvard. A cientista dimensionou as populações analisadas, porque a Covid teve grande impacto na estrutura populacional em 2020 e alterou as projeções do IBGE para o ano, prejudicadas pelo atraso na realização do Censo.
O Brasil já tinha dois estudos desse tipo feitos com profissionais de saúde em que receberam CoronaVac em janeiro e início de fevereiro em São Paulo e em Manaus, e ambos mostravam que a vacina funcionava bem — afirma Victora. — A efetividade nesse grupo (acima dos 70 anos) era uma questão ainda difícil de responder, porque o estudo clínico de eficácia incluiu poucos idosos. Mas a gente mostra que a vacina é eficaz para idosos, é eficaz em condições da vida real e é eficaz contra a nova variante.
O período analisado pelos pesquisadores foi de 3 de janeiro a 27 de maio de 2021. O cálculo feito levou em conta a mortalidade de pessoas nessa faixa etária por Covid comparada com a mortalidade por outras causas, que permaneceu estável nesse intervalo.
Segundo os autores, o número total de vidas salvas no Brasil pela vacina é maior do que os 43 mil apontados na pesquisa, porque não foi possível cobrir na análise os trabalhadores da saúde, indígenas e outros grupos que atingiram grande cobertura vacinal mais cedo. Esse foi o primeiro estudo no Brasil que incluiu uma grande população de idosos para avaliar a eficácia dos imunizantes fora do ambiente controlado dos testes clínicos.
No início do estudo, a população analisada foi majoritariamente vacinada com CoronaVac (65%) e o restante com a vacina da AstraZeneca. Nos meses seguintes a dominância se inverteu para 37% e 53%, respectivamente.
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