O livro “Bases do Aprendizado para a Alfabetização” insere símbolos da cultura local no processo de alfabetização e é destinado a professores de escolas rurais da Amazônia
No imaginário de cada estudante Brasil afora, o processo de alfabetização começa com “A” de abelha, “B” de bola, “C” de casa, e assim por diante. Na região amazônica isso também é assim, mas não por muito tempo. A partir deste mês, a temática e símbolos regionais serão incorporados ao dia a dia da alfabetização com as duas novas produções desenvolvidas pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e a Americanas S.A.: o guia “Bases do Aprendizado para a Alfabetização” e o abecedário amazônico. Reforçando os princípios da cultura local na educação, as publicações vão permitir que os estudantes possam aprender o alfabeto com o “A” de açaí, o “B” de boto, o “C” de canoa e assim por diante.
O guia é uma ferramenta de apoio pedagógico com 26 atividades, divididas em sete capítulos que destacam elementos da região amazônica, valorizando seus aspectos, valores e contexto abordando frutos, fauna, utensílios e embarcações, culinária, ambiente, agricultura familiar e cultura indígena. Cada capítulo apresenta um descritivo dos conteúdos que podem ser abordados em sala de aula e os objetivos de cada aprendizagem. Além disso, disponibiliza um roteiro de questões para estimular a participação e oralidade, finalizando com as atividades de nivelamento.
Segundo Amandio Silva, coordenador de projetos do Programa de Educação para a Sustentabilidade da FAS, as publicações, que têm uma tiragem de mil exemplares cada, serão destinadas para as secretarias municipais de educação, além de alcançar professores em uma capacitação continuada: “Nos municípios de Iranduba e Itapiranga, vamos promover encontros de formação para melhor utilização do material”, revela.
Bruna Sabóia, gerente de sustentabilidade da Americanas S.A., reforça a importância de projetos como este para a estratégia ESG (ambiental, social e de governança, da sigla em inglês) da companhia: “A frente de alfabetização é uma oportunidade única de promover a educação e o desenvolvimento sustentável no Amazonas e reforçar essa forte voz que ecoa das florestas. Por meio dela, estamos contribuindo diretamente para o desenvolvimento de crianças de escolas públicas localizadas em Unidades de Conservação no estado, em linha com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 da Agenda 2030 da ONU. A intenção é clara: auxiliar na redução das desigualdades do país, gerar impacto positivo e colocar em prática nosso propósito de somar o que o mundo tem de bom para melhorar a vida das pessoas”, explica.
A líder comunitária da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, Izolena Garrido, considera um avanço para o aprendizado o uso de conteúdos regionais: “É uma forma simplificada de trabalhar com aquilo que a criança tem dentro de casa, utilizando aquilo que eles conhecem, comem ou veem na sua comunidade. Era muito comum ver em livros de alfabetização figuras de produtos de outras regiões, do Sul, Sudeste, Nordeste, menos da região amazônica, menos da realidade das comunidades que são os frutos, os peixes que têm aqui”.
A líder comunitária complementa afirmando que as publicações regionalizadas são fundamentais para professores que vêm de outras regiões e, muitas vezes, não estão inseridos na realidade amazônica. “De uma forma muito mais direcionada, esses professores podem construir um planejamento de aula de acordo com a necessidade de cada sala de aula onde a escola está inserida. É a metodologia ‘paulo freiriana’ de trabalhar com aquilo que tem no entorno”.
Parceria em diferentes frentes – A Americanas S.A. é parceira da FAS desde 2018. Na região, a companhia atua em quatro frentes de desenvolvimento em comunidades ribeirinhas e indígenas do Amazonas, sendo elas: fomento ao empreendedorismo; inclusão digital; melhoria na alfabetização e gestão de resíduos. A Americanas S.A. também faz parte da Aliança dos Povos Indígenas e Populações Tradicionais e Organizações Parceiras do Amazonas para o combate ao coronavírus. Sob a coordenação da FAS, já realizou a doação de 300 mil máscaras, além de 14 toneladas de álcool em gel para auxiliar na higienização e prevenção de contágio da doença desde o início da pandemia.