BRASÍLIA — João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart, deposto pela ditadura, reagiu à decisão de Jair Bolsonaro em vetar o nome de seu pai para batizar um trecho da rodovia BR-153, que liga Belém a Brasília. O presidente argumentou que esse tipo de homenagem não pode ser “inspirada por práticas dissonantes das ambições de um estado democrático”. João Vicente afirmou se tratar de mais uma perseguição contra Jango e disse que dispensa qualquer iniciativa de Bolsonaro em prol da memória do ex-presidente. E ironizou:
Jango jamais admitiria ser homenageado por esse atual presidente. Esse veto, partindo de Bolsonaro, é até um elogio. É para colocar no currículo de João Goulart — disse João Vicente ao GLOBO.
No veto, publicado no Diário Oficial, Bolsonaro afirma ainda que a homenagem é “inoportuna” e que estaria em “descompasso com anseios e expectativas da população”. O trecho que seria batizado com o nome de Jango tem uma extensão de 3.500 quilômetros de extensão e liga as cidades de Cachoeira do Sul (RS) a Marabá (PA).
Para João Vicente, a decisão de Bolsonaro demonstra a perseguição a seu pai até hoje, em especial por integrantes e apoiadores desse governo, que enaltecem a ditadura e apoiam medidas como fechamento do Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF) e desejam a volta do AI-5.
É mais uma perseguição, como tantas outras. Nada me surpreende vindo de Bolsonaro. Ele tem absoluto ódio e resistência a todos que pertenceram a história e não será o corte do nome de Jango de uma rodovia, muito menos da lavra dele, que irá tirar o Jango da história nacional. Tenho minhas dúvidas sobre como ele, Bolsonaro, vai entrar para a história —disse João Vicente.
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