Castelo erguido por ex-deputado federal em MG vai a leilão com lance mínimo de R$ 30 milhões

O castelo erguido pelo ex-deputado federal Edmar Moreira no distrito de Carlos Alves, zona rural do município de São João Nepomuceno, na Zona da Mata Mineira, irá a leilão. O lance mínimo é de R$ 30 milhões, e os interessados têm 73 dias para dar seus lances pela propriedade. Moreira causou polêmica em sua passagem pela Câmara, foi alvo de investigações e ficou conhecido como o “deputado do Castelo” após a existência do imóvel vir à tona.

De acordo com a descrição do lote, o local é um “complexo turístico com parque aquático e castelo”. O terreno, com lago, é do tamanho de 268 campos de futebol. O chamado Castelo Monalisa tem 12 torres, 37 suítes com closet, hall de circulação, três grandes salas, cozinha industrial, bar, salão com churrasqueira, vestiários para funcionários, ducha escocesa, adega subterrânea, casa de máquinas, garagem coberta, capela, chafarizes, ar-condicionado central e floresta composta por eucaliptos. Há dez anos, a construção havia sido colocada à venda por R$ 20 milhões.

Filho de Moreira, o ex-deputado estadual Leonardo Moreira — morto em 2020, aos 46 anos, depois de passar 43 dias internado por causa de uma apendicite aguda — abriu as portas do castelo para o programa Fantástico, da TV Globo, em 2009. No primeiro andar, há um enorme salão e, embaixo, a adega com capacidade para oito mil garrafas. Ao todo, são seis andares de construção que, há época, ainda estava com as paredes sem pintura, fiação exposta e buracos no teto. Os elevadores também não estavam funcionando.

Trinta e duas suítes ficam no segundo andar e outras quatro, numa torre. No último andar fica a principal suítem triplex. O primeiro andar do aposento é comporto por espaço para uma sala e banheiro. No segundo fica uma antessala. Já no terceiro, há o quarto. 

 Anúncio gera procura

O leiloeiro Dilson Marcos Moreira, da Casa Leiloeira, contou que o leilão do castelo é extra-judicial — desse modo, a venda poderia ser feita também em qualquer imobiliária — e teve a autorização dos filhos de Edmar Moreira.

Ele contou, ainda, que pessoas interessadas no imóvel procuraram a Cada Leiloeira:

Tem algumas pessoas interessadas. Diversas. Mas entre estar interessado e comprar, há uma diferença muito grande.

Mas, segundo Dilson, essa procura pode significar um bom desfecho para o leilão.

A expectativa é de que se consiga vender, em vista da procura — afirmou.

Castelo não constava em declaração de bens

Edmar Moreira foi deputado federal pelo DEM. Seu primeiro mandato foi em 1991, um ano após o término da construção do castelo. Em fevereiro de 2009, ele tomou posse como corregedor da Câmara dos Deputados e gerou controvérsia ao afirmar que parlamentares não podem investigar e punir seus colegas de Casa devido ao que ele classificou como “vício insanável da amizade”.

Dias depois, a informação sobre o castelo construído pela família do então parlamentar foi veiculada pela imprensa, incluindo o fato de que o lugar não constava da declaração de bens de Moreira. Na declaração de bens do filho dele, o ex-deputado estadual Leonardo Moreira, ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas, em 2006, constava a posse de um terreno na área rural de Carlos Alves no valor de R$ 3,1 milhões.

Na de Edmar Moreira, aparecia um imóvel no valor R$ 17,5 mil, no mesmo distrito, em uma praça a cerca de dois quilômetros do castelo. O ex-deputado federal havia declarado bens de aproximadamente R$ 9,5 milhões, incluindo ações, imóveis, veículos, aplicações financeiras e dinheiro em espécie.

Após o episódio, Moreira foi expulso do DEM e investigado por uma série de irregularidades. Pressionado, ele renunciou aos cargos de corregedor e vice-presidente da Mesa Diretora da Câmara.

O Castelo da Monalisa passou para o nome dos filhos de Moreira em 1993, segundo declarações dadas pelo advogado Sérgio Augusto Santos Rodrigues. Leonardo Moreira e um irmão dele tornaram-se herdeiros da construção.

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