Estratégia de Saúde Digital da Prefeitura de Manaus para apoio à Atenção Primária à Saúde (APS), o Telessaúde já soma, em 2023, mais de 38 mil atendimentos de pacientes acompanhados nas unidades da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa). Iniciado em 2020 e oficializado na estrutura da pasta em 2022, o serviço é voltado para o cuidado e acompanhamento de usuários na rede de saúde do município.
Em 2022, o Telessaúde teve 64.051 realizados com sucesso, isto é, quando os médicos e enfermeiros da Semsa que atuam como teleconsultores têm efetivo contato com o usuário para orientar sobre condições de saúde, consultas ou exames a realizar, ou para informar a “alta” do paciente no serviço, dependendo de sua situação de saúde. Neste ano, até o dia 6/7, já foram 37.856 atendimentos realizados.
A gerente de Telessaúde, Jackeline Alves Galdino, explica que o serviço da Semsa atua por meio de contato telefônico com pessoas atendidas na rede de atenção básica, estimulando a adesão ao acompanhamento em saúde pelas equipes das unidades municipais.
“O objetivo é levar cuidado, levar assistência, mas também monitorar o paciente e reinseri-lo no fluxo de atendimento da Semsa, para que não perca o seguimento do tratamento e mantenha a saúde”, aponta.
Jackeline Galdino também enfatiza a segurança na comunicação com os usuários. “O primeiro contato pode gerar certa desconfiança, por medo de golpes. Mas o teleconsultor se identifica como profissional da Semsa e informa dados como o nome completo do usuário, que são obtidos dos sistemas de saúde, para afastar a desconfiança. E nunca são solicitadas informações bancárias ou financeiras”.
Resultados e pioneirismo
A estratégia de telessaúde da Semsa iniciou com foco em atendimentos de Covid-19 e hoje abrange outros quatro segmentos: Tuberculose, Hiperdia (hipertensão arterial e diabetes mellitus), Gestação de Alto Risco e Imunização Infantil. Dentre eles, o Telehiperdia responde por 11.704 dos atendimentos neste ano, até o dia 6/7.
Para além dos números, Jackeline Galdino enfatiza os bons resultados do programa no apoio ao trabalho realizado pelas equipes da atenção básica, destacando a estratégia voltada ao acompanhamento de pessoas com tuberculose. No segmento, ela explica, o serviço é voltado a casos novos e visa reduzir o abandono do tratamento contra a doença, que deve ser seguido à risca por um período de seis meses.
“Quando teve início o Telemonitoramento com foco em tuberculose, houve uma queda importante nesse abandono entre casos novos, em razão das orientações e dos lembretes feitos aos pacientes”, relata.
A gerente aponta ainda que o serviço de telemonitoramento dentro do Telessaúde da Semsa surgiu como vanguarda dentre os serviços de saúde mediados por tecnologia no país.
“O Telessaúde é um programa do Ministério da Saúde e abrange serviços como teleconsultoria e teleconsulta, mas o serviço de telemonitoramento é pioneiro de Manaus”.
Segmentos
O telemonitoramento no Telessaúde da Semsa iniciou em abril de 2020, com foco na Covid-19, e o sucesso da estratégia levou à ampliação para outros segmentos. Já no ano seguinte, o serviço incorporou o monitoramento de casos novos de tuberculose e, mais tarde, o de gestantes de alto risco, que exigem atenção maior da rede básica.
Em 2022, a atividade se estendeu aos usuários com hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus, com foco naqueles com consulta em atraso, de forma a evitar agravos como o pé diabético. No mesmo ano, o Telessaúde incluiu o telemonitoramento da imunização de bebês de 0 a 11 meses e 15 dias, com atraso das vacinas pentavalente e poliomielite, que devem ser tomadas em três doses, aos 2, 4 e 6 meses de idade.
Além de esclarecer dúvidas sobre doenças, tratamentos e vacinas, Jackeline Galdino explica que os teleconsultores buscam os motivos do não comparecimento na unidade e tentam, juntamente com os gestores de saúde, superar as eventuais barreiras de acesso, pessoais ou administrativas, para assegurar o atendimento do paciente ou, no caso da imunização infantil, da mãe, pai ou responsável pelo bebê.
“A missão do Telemonitoramento é transpor barreiras geográficas, principalmente, e também socioeconômicas, para que os serviços e ações de saúde cheguem a toda a população, em especial aos mais vulneráveis, expandindo e aprimorando a assistência na atenção básica em Manaus”, resume.
Atendimentos
Atualmente, 32 médicos e enfermeiros da Semsa Manaus atuam como teleconsultores em dois núcleos do serviço, um na sede da Diretoria de Vigilância Sanitária (DVisa) da Semsa, no bairro Cachoeirinha, e outro no Centro de Cooperação da Cidade (CCC), no bairro Parque 10. Os profissionais se revezam de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, e excepcionalmente aos sábados, em ações específicas.
“Não apenas são capacitados profissionalmente, mas buscam um tratamento humanizado, o que sensibiliza o paciente e o deixa às vezes até mais confortável para falar de sua situação de saúde”, pontua a gerente.
A gerente de Telessaúde ressalta que o serviço da Semsa atualmente não abrange teleconsultas, modalidade na qual o profissional avalia o paciente de forma direta, faz diagnóstico e prescreve tratamento. Diferentemente, ela aponta, o foco do telemonitoramento são usuários já atendidos e que tiveram a condição de saúde avaliada por outro profissional.
Resposta à pandemia
Como aconteceu com diversas atividades mediadas por tecnologias de informação e comunicação, o Telemonitoramento foi implementado pela Semsa em resposta à pandemia de Covid-19, no início de 2020. O diretor de Tecnologia da Informação (TI), Saymon Erickson, lembra que, diante do aumento de casos, a pasta decidiu criar uma estratégia diferenciada para acompanhar pessoas com suspeita ou confirmação da doença.
“Foi montado um processo de trabalho que se baseava em pegar essa lista de pessoas e iniciar um acompanhamento direto com elas. De que forma? Por telefone, obtido a partir de dados dos sistemas de saúde”, relata Saymon. Nas ligações, ele conta, eram verificados o estado de saúde, sintomas e contatos do paciente, entre outras informações. “A depender do caso, era agendada uma nova ligação para dias depois”.
Para dar suporte a essa operação, a Semsa criou uma plataforma para receber e monitorar dados de usuários registrados nos sistemas informatizados de saúde. É o que explica o chefe de Sistemas de Informação em Saúde, Cacio Correa, que também trabalhou no desenvolvimento da ferramenta.
“O sistema consulta dados de outros sistemas da saúde, que são o PEC (Prontuário Eletrônico do Cidadão), o e-SUS Notifica, o Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) e a RNDS (Rede Nacional de Dados em Saúde)”, enumera.
Com os dados obtidos, a plataforma do Telessaúde Semsa seleciona e ordena casos a partir dos critérios definidos para cada segmento do serviço, e distribui as informações de usuários e contatos entre os operadores em atividade.
“Todo o atendimento é registrado, incluindo dados de comorbidades ou outro não informado antes pelo usuário, para o acompanhamento pelo profissional da unidade de saúde”, diz o diretor de TI, apontando que a plataforma traz também recursos de visão geral dos dados.
“Ele inclui gráficos para acompanhamento dos atendimentos e dashboards (painéis de dados) operacionais e gerenciais, voltadas para o gestor tanto do Telessaúde quanto da Atenção Primária”.
Fotos – Graziela Praia / Semsa