Indígenas realizam marcha por direitos na Praça da Saudade em Manaus

Aproximadamente, 700 indígenas de várias etnias e regiões do Amazonas irão participar da V Marcha dos Povos Indígenas do Estado, a partir das 15h de hoje, com várias reivindicações e cobranças de políticas públicas para os povos tradicionais. A concentração e saída do movimento será em frente à Praça da Saudade, no Centro de Manaus, rumo ao Largo de São Sebastião e passando pela avenida Eduardo Ribeiro, em protesto também à retirada de direitos dos indígenas em todo o País.

A agenda do Governo Federal, que prevê a ampliação da mineração em terras indígenas, além da suspensão dos recursos para a saúde destes povos pelo Governo do Estado, são alguns dos motivos citados pelas lideranças da marcha para o acirramento da luta por visibilidade. Os indígenas também reivindicam a definição, por parte do Poder Executivo estadual, de um plano de políticas públicas voltado às etnias e capaz de atender as demandas de saúde, educação e sustentabilidade, entre outras questões.

O evento é a quinta marcha promovida pelos indígenas neste ano. Nas edições anteriores, os organizadores se reuniram com o governador do Estado, Wilson Lima, e o vice-governador, Carlos Almeida (PRTB), mas nenhuma proposta foi executada. “Nos sentimos desamparados pela lei maior”, disse a professora Cristina Baré, diretora do Fórum de Educação Escolar Indígena do Amazonas (Foreeia), organizador da V Marcha Indígena do Amazonas ao lado da Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas (FAMDDI).

No período da manhã, os participantes vão se reunir com representantes de diversos órgãos e dependendo da resposta às solicitações, o itinerário e o tom da marcha poderão ser alterados. “Estamos aguardando até hoje uma audiência com o governador para que ele possa esclarecer por qual motivo nada foi feito. Temos a mesma quantidade de povos com necessidade de políticas públicas no interior (do Amazonas) e na base da rede urbana”, explicou Baré.

Em 2018, foi aprovado um Projeto de Emenda Constitucional (PEC), elaborado pelo então deputado estadual José Ricardo (PT), que autoriza a concessão de 0,5% do orçamento do Amazonas (o que corresponde a R$ 65 milhões) aos povos indígenas. Mas a medida foi revogada por meio de emenda coletiva apresentada, em julho deste ano, na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE–AM).

“Sem a saúde pública, como vamos fazer? Estamos fazendo um apelo ao Governo Federal para que considere as nossas reivindicações e mantenha a administração da saúde indígena na Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena)”, afirmou Zenilton Moura, coordenador geral da Coordenação das Organizações de Povos Indígenas do Amazonas (Coipan).

“Muitos projetos enviados à Fundação Estadual do Índio não foram amparados por causa da falta de recursos, como a construção de escolas e postos de saúde, o escoamento da produção extrativista natural, o que afetou bastante as comunidades. Eles precisam ser tratados como seres humanos”, explicou Turi Sateré, dirigente da Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e entorno (Copimi), observando que essas questões exigem iniciativas específicas e diferenciadas.

Turi critica a atuação, dentro do movimento indígena, de comandos que classifica como oportunistas. “Eles não têm autorização das lideranças. Estamos trabalhando em busca de alternativas de desenvolvimento para os povos indígenas. Por isso, não os legitimamos a falar em nome da gente”, explicou.

A reportagem solicitou o posicionamento da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) a respeito dos problemas levantados pelas lideranças indígenas. Mas não recebeu uma resposta até o fechamento desta edição

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