Plínio Valério defende que o modelo seja implantado em comunidades indígenas isoladas por ONGs em outras regiões da Amazônia

Sem a tutela de ONGs, mas com a perseguição de órgãos ambientais, os Parecis produzem e exportam parte das 100 milhões de toneladas de grãos por ano em apenas 1,3% de um total de 1 milhão de hectares

Campo Novos dos Parecis (MT) – Em diligência nesta quinta-feira (26) na comunidade Haleti-Parecis, em Campo Novo dos Parecis (MT), senadores da CPI das ONGs, presidida pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM), constataram o dramático contraste entre a realidade desenvolvimentista de indígenas que produzem em suas grandes extensões de terras demarcadas, e paupérrimas comunidades isoladas na amazônia sob a tutela de ONGs internacionais, Funai, Ibama e outros órgãos governamentais. Com filhos formados, os quatro mil indígenas Parecis, Namibikara e Manoky estimam a produção de  100 milhões de toneladas de  soja, milho e feijão por ano em apenas 1.3% num total de 1 milhão de hectares de terras demarcadas. Parte da produção já está sendo exportada.

“Hoje os Parecis conseguem caminhar sem as ONGs. Elas não estão aqui desde 79. Queríamos que o Senado viesse aqui para escutar a voz da nossa associação, das cooperativas e das lideranças, com paz e harmonia,  que é o ensinamento dos nossos velhos Parecis. O que nos queremos é paz e harmonia para o processo de sermos desenvolvidos”, explicou  Genilson André Kezomae, liderança indígena  local.

O senador amazonense apelou para que as lideranças da comunidade Haleti-Parecis façam uma espécie de intercâmbio com lideranças indígenas do Amazonas, Acre, Roraima e outros estados onde lutam contra as amarras ambientais para vencer a fome e gerar emprego e renda para suas comunidades.

“Esses indígenas representam o lado que dá certo. Vamos colocá-los em contato com os nossos irmãos do Amazonas que também podem prosperar.  Que essa diligência da CPI das ONGs sirva para espalhar esses conhecimentos e bom exemplo das comunidades do Chapadão dos Parecis para nossas lideranças indígenas do Amazonas e de todo território nacional dominados pelas perversas ONGs que recebem milhões para mantê-los no que eles próprios chamam de horto humano. Estou impactado com o sucesso desse empreendimento agrícola que tira os indígenas da mendicância e das bolsas do governo. Tenho certeza que vão muito mais longe espalhando esse bom exemplo”, avaliou Plínio Valério.

Os Parecis vem se destacando  como os maiores agricultores de lavouras mecanizadas do mundo, sendo um exemplo de autonomia, liberdade e geração de emprego e renda. 

“Aqui não há indígenas na mendicância. Eles vão na farmácia e podem pagar, vão no restaurante e pagam suas contas. A autonomia do índio significa problema para aqueles que nos querem na miséria. Nós podemos plantar, nós podemos usar a terra”, relatou Arnaldo Zunizakae, presidente da Cooperativa Coopirahama.

Mas não tem sido fácil quebrar as barreiras impostas à manutenção do projeto que gera impostos para o governo e movimenta a economia da região, do  estado e do Brasil. São alvo de pesadas multas,  falta linha de crédito e são penalizados com um certo medo de empresas compradoras sofrerem embargos por serem produtos de terra indígena. Reclamam da falta de licenciamento ambiental nas quatro cooperativas criadas.  Além disso  não conseguem plantar transgênicos por não ser permitido. Hoje eles só plantam o grão convencional, a despesa é maior e tem mais pragas.

Para piorar, na Lei do Marco Temporal aprovada no Congresso, o presidente Lula vetou a retirada do trecho da lei que proíbe o cultivo de alimentos transgênicos em terras indígenas. Os líderes indígenas pediram ajuda dos senadores  para cessar as perseguições, ataques e criminalização que colocam em risco a atividade agrícola nas suas terras.

 “Queremos permanecer na terra com dignidade. Vamos trabalhar para que os indígenas possam trabalhar usando suas terras. Isso aqui não vai parar. Vamos conseguir trabalhar dentro da legalidade. Não conseguimos mais viver sem a questão econômica. A nossa festa e rituais são na riqueza, na colheita”, apelou  Arnaldo Zunizakae.

“A autonomia do índio significa problema para aquelas que nos querem na miséria. Nos podemos plantar, nos podemos usar a terra. A lei está aí. Só não temos condições de crédito, licenciamento ambiental. Estamos desde 2013 com processos no Ibama”, completou Arnaldo.

Acompanharam a comitiva o relator da CPI, senador Márcio Bittar (União-AC), o senador Styvenson Valentim (Podemos-RN), o senador Jayme Campos (União-MT), Mauro Carvalho (União-MT), a senadora Margareth Buzetti (PSD-MT) e o vice-governador do Mato Grosso, Otaviano Pivetta.

Segundo o senador Mauro, que propôs a visita, a intenção foi mostrar a independência da comunidade, na produção milho e soja. Mostrando para o Brasil e o mundo que é possível produzir de forma sustentável, ocupando pouco espaço de terra. Muitas etnias querem começar na produção, como os Parecis.

“São aqueles que podem trabalhar, gerar renda e possuem liberdade para plantar, colher e vender sua produção. Diferentemente de indígenas de outras etnias que expuseram na CPI dificuldades para gerar renda, amarras impostas por ONGs e órgãos ambientais, eles são um exemplo de que é possível conciliar preservação e produção e ter autonomia”, disse Plínio Valério.

Líderes indígenas também pediram aos senadores que aperfeiçoem a legislação com medidas que fomentem a atividade agrícola em comunidades indígenas.

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