É a bioeconomia da fome e da miséria no amazonas, diz plínio: patrocinadores vivem nababescamente enquanto ribeirinhos são escravizados e iludidos pela fantasia de que terão renda
O senador Plínio Valério (PSDB-AM) criticou hoje na tribuna a exploração de famílias de pescadores de pirarucu através de um programa criado pela ONG Fundação Amazônia Sustentável (FAS) , batizado de Clube de comercialização por assinatura de pirarucu de manejo sustentável do Amazonas, o “Piraruclub”. Fazendo as contas do que a FAS fatura com a venda do pescado mais nobre do Amazonas, com o que é destinado ás famílias manejadoras do Pirarucu que sustenta o programa, Plínio diz que , na verdade ONGs como a FAS que recebem milhões para esse tipo de projeto, estão criando uma economia que faz de conta e é preciso encarar isso com realidade, de frente. Do contrário, continuarão fabricando, por intermédio da tal bioeconomia, fome e miséria no Amazonas.
Mostrando a discrepância entre o preço do Pirarucu e os valores destinados aos manejadores, Plínio relatou que, de acordo com os patrocinadores, o programa , em um ano teria faturado R$158 mil, com um saldo mensal de irrisórios R$119,00 por família de criadores do peixe de água doce mais nobre que existe na Amazônia. Segundo a FAS o Piraruclub conseguiu a venda de 4,4 toneladas do pescado, beneficiado 110 famílias ribeirinhas, por ela chamada de “manejadoras”.
“Vamos fazer as contas. Dividindo R$158 mil por 110 famílias, chegaremos à renda de R$1.436,36 por família durante o ano ou R$119,69 ao mês. Se cada família é composta por quatro integrantes, chega-se à conclusão que a renda mensal de cada uma das pessoas envolvidas ficará em torno de R$29/mês, equivalente, mais ou menos, 1kg do pirarucu, que eles criaram, manejaram, mataram e venderam para a FAS. Dá para comemorar esse tipo de coisa? Essa é a renda da chamada “bioeconomia”, cantada em prosa e verso pelas ONGs que tanto nós combatemos na CPI que acabamos de realizar” criticou Plínio.
Plínio alertou que quanto tiver esse tipo de aproveitador, esse tipo de vendedor de ilusão, como é a Fundação Amazônia Sustentável, ribeirinhos seduzidos pelas fantasias vendidas pelas ONGs continuarão sendo escravizados. Eles chegam lá com a conversa de que vão libertar para ter renda, para ter sustento. E, na verdade o que se vê R$158 mil; 4,4 toneladas de pirarucu renderam a cada família que participa disso, do manejo, R$119 por família.
“Não estou dizendo que essa pele do pirarucu veio do Mamirauá. Mas pesquisei na internet e uma bolsa feita de pele de pirarucu custa R$1,4 mil, o sapato vai a R$1,5 mil. Eu não sei quem está aproveitando – e preciso de informações – dessa pele, para onde a pele está indo, porque eles falam da venda da carne” mostrou Plínio.
“Não sou de uma nota só, adoro todo tipo de música e dançar qualquer música, mas enquanto não houver um sentimento, um conhecimento do Brasil de que nós, na Amazônia, somos explorados, a gente vai continuar aqui sempre a gritar e a protestar” completou Plínio.
Seu discurso foi elogiado pelo pelo vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rego ( MDB-PB)
“Vossa Excelência tem a compreensão de todos os seus pares de que a cada uma dessas oportunidades que têm de subir à tribuna traz com muita serenidade, com muita percuciência, com muito equilíbrio esse debate, essa discussão que desanuvia para muitos que não conhecem a realidade mais profunda do mundo gigantesco que é o mundo da Amazônia” aplaudiu o senador que presidia a sessão.