O ex-presidente da Pfizer no Brasil e atual gerente geral na América Latina, Carlos Murillo, confirmou que o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, participou rapidamente de uma reunião no Palácio do Planalto com a diretora jurídica da Pfizer, Shirley Meschke, em 7 de dezembro. Murillo, que havia dito antes não saber se Carlos tinha participado de reunião com a Pfizer, pediu para fazer um esclarecimento e leu um documento produzido por Meschke. No depoimento que prestou à CPI na quarta-feira, ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten não listou Carlos como um dos participantes do encontro.
Segundo a Pfizer, a reunião era inicialmente com Wajngarten. Após cerca de uma hora, Wajngarten recebeu um telefonema e, minutos depois, chegaram Carlos Bolsonaro e o assessor para assuntos internacionais da Presidência da República Filipe Martins. Wajngarten então explicou a eles o que já tinha ocorrido. Carlos saiu pouco depois, enquanto Martins permaneceu no local.
No depoimento de quarta-feira, Wajngarten disse que cabe na mão o número de vezes que falou com Carlos Bolsonaro. Ao ser questionado se já havia participado de alguma reunião com o filho do presidente, ele disse:
Nunca fui próximo dele, nunca tive intimidade com ele, nunca tive relação qualquer com ele.
Perguntado sobre quem participou da reunião, Wajngarten disse:
No dia 7 de dezembro, toda a equipe da Secom participou, mais o deputado Filipe Barros, que passava por um momento com uma agenda lá perto da Secom, eu o convidei para entrar, a porta escancarada, e ele ouviu toda a reunião.
Nesta quinta-feira, o relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), questionou Murillo sobre a suposta participação de Carlos Bolsonaro e Filipe Martins em reuniões com representantes da farmacêutica com o então secretário de Comunicação da Presidência em dezembro de 2020. A reunião teria o objetivo de facilitar as negociações entre a empresa e o governo brasileiro para o fornecimento de vacinas contra a Covid-19. O relator chegou a ameaçar convocar mais representantes da Pfizer para obter a resposta.
Calheiros indagou se Murillo tinha conhecimento de que Martins e Carlos Bolsonaro teriam participado das reuniões realizadas por Wajngarten no Palácio do Planalto sobre o acordo. Murillo respondeu que ele não tinha informações sobre todos os participantes das reuniões realizadas nos dias 7 e 9 de dezembro no gabinete de Wajngarten.
Eu sei da parte da Pfizer, que foram a diretora jurídica Shirley Meschke, e a pessoa de assuntos corporativos, mas não sei de parte da Secom, em adição a Fabio Wajngarten, que outras pessoas participaram — respondeu.
Diante da imprecisão da resposta, Renan Calheiros disse que poderia convocar as duas diretoras da Pfizer para depor. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), no entanto, pediu que Murillo tentasse obter a informação ao longo da sessão e, assim, evitar que as duas fossem convocadas. Murillo disse que iria tentar obter os dados até o final do seu depoimento.
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